31-Coiseiras de Morro Seco: Galã 2.

31-Coiseiras de Morro Seco: Galã.

A pois que já falei do dito cujo. Aquele um, que tomou um chega pra lá da Qeidy. Oxe! Carioca, velho, aposentado e metido a conquistador. Apaixonado pelas obras de “Machado de Assis”. Leu e releu, releu e leu o “Don Casmurro”; admirador das artimanhas da “Capitu”. Primeiro começou a colecionar coisas do Rio antigo. Depois se interessou pelos três jogos citados no livro: Gamão, Solo e Voltarete.

Gamão, ele, aprendeu no Rio de Janeiro. Até organizou um grupo de jogadores; A Confraria do Gamão. Se reúnem para escutar samba, jogar gamão e beber caipirinha. Que ficar dentro de casa vendo Televisão é um atraso de vida.

Solo, ele, descobriu que no Rio Grande do Sul tem um tal de Movimento Tradicionalista, que até organiza torneios de jogo do solo. E lá foi, ele, ao Rio Grande enfrentar o Vento Minuano, comer churrasco, tomar chimarrão, aprender a jogar o solo e dizer galanteios para as prendas e chinocas (linguagem lá deles, tche!).

Voltarete? Foi o porteiro do prédio que falou:

-Voltarete, lá em minha terra, que é Morro Seco, que é no sertão da Bahia, tem é um povo que joga...

Em Morro Seco, hospedado na Pensão da Zu, começou a jogar piadas para a Lena. Lena era a arrumadeira da pensão. Seu Carioca, galã, foi se jogando pros lados da Lena. E Lena se fazendo de sonça. E foi que deu o acerto dos finalmentes. Seu Carioca é que eu sou comprometida. Pra tudo tem um jeito.

-A pois tem que ser na noite... O senhor me espera lá no meio da praça... A meia noite...

-Feito. Ta combinado...

Aproveitando o contentamento do momento foi que ela falou:

-To num aperreio, que amanhã tenho que pagar umas contas. O pagamento é só no fim do mês. O senhor pode me alcançar um valor, que no fim do mês eu lhe reponho...

-Com certeza. Diga lá, quanto é?

Tão contente, estava, que alcançou o tanto e mais um tanto.

Onze horas da noite e o seu Carioca, esfregando as mãos, contente lá ao meio da praça no aguardo de Lena. E deu a metade da noite e Lena não foi, e deu uma hora, e deu duas, e o galo cantou e o sol voltou. Voltou, foi seu Carioca, para a Pensão da Zu. Tonto de sono, tomou café, comeu cuscuz e ficou no aguardo da chegada de Lena. Já passava de dez do dia e ele foi fazer pergunta ao porteiro da pensão:

-Escute: Lena já chegou?

-Oxe! Lena veio não. Ela vem mais não. Ontem foi o último dia de serviço, dela, aqui. Hoje cedinho ela voltou pra terra dela, Lena mora em Caixa Prego...