Candeeiro

Vem logo dormir

Puxe as cobertas, que a noite esfria, apesar do calor.

Cubra os pés ô Maria, deixa essa tristeza de lado e se achegue, pra bem perto de mim.

Deixa eu te embalar no sono, tirar seus medos, to aqui do seu lado, vem dormir, encosta sua cabeça em meus ombros, deixe-se dormir.

A noite vem, e vem escura, o vento já bate em fortes vezes.

A porta treme, mas é do vento, durma tranqüila, to aqui do seu lado.

Tirei a noite pra te cuidar, velarei teu sono, e se do teu sonho fizer parte, que seja dos mais belos passeios no parque de mãos dadas, ao raiar do sol, bem de manhãzinha, sentindo ainda o cheiro do orvalho por sobre as plantas.

Deixa-me ficar aqui, só te olhando, não farei barulho, prometo não te tocar, apenas ficar aqui te admirando, sentado no meu cantinho.

Acharei a melhor posição pra ficar, bem de frente de você. Só pra te ver dormir.

Isso ô Maria, assim mesmo, durma bem, enquanto fico aqui do seu lado, sem nada dizer, apenas relembrando tudo de bom que já vivemos juntos.

Das longas conversas, das noites que insistia e querer acabar logo, pra nos separar, nada disso me esqueço.

Faz se madrugada, e você dorme tranqüila, assim como eu queria, saber de seu sonho.

Poder correr pros seus braços e nos abraços, ficar parado, mesmo que o mundo percorra um dia, uma hora, um minuto, o tempo já não importa mais.

Nada mais importa a não ser o seu sono agora.

Que seja tranqüilo seu descansar, sua retomada de forças, para enfrentar o dia a dia atribulado, corrido que até mesmo dormindo é agitado.

Estou aqui do seu lado, te afagando com os olhos, já que prometi não tocá-la.

Dorme, dorme o sono dos justos, mesmo que a injustiça às vezes se faz presente e te leva pra longe.

Mas agora estou perto, bem perto, até sinto a suavidade de sua respiração, não quero te incomodar, quero sim que você durma tranqüila, enquanto aqui fico, te contemplando, te respeitando seu sono suave.

Durma ô Maria, durma igual uma criança, às vezes com corpo encolhido feito bebê ainda no ventre de sua mãe.

Ela está do meu lado te vendo também dormir.

Às vezes converso com ela, pedindo conselhos, tentando entender tudo isso.

Às vezes penso em desistir, mas algo me mostra que não posso, talvez recuar, mas desistir nunca, jamais.

Estou aqui do seu lado, enquanto você dorme, lembra que te falei das cobertas, já é noite escura e o tempo esfria, embora muito calor.

Talvez seja isso seu corpo encolhido, como não percebi, você está com frio, mas o sono é tão forte que nem se arruma pra puxar a coberta.

Estou aqui, ainda a seu lado, e como prometi sem te tocar, pra não atrapalhar teu sono.

Durma tranqüila, que enquanto te olho oro por você, pelos seus, pelos nossos. Pelos outros, pra todos que nos rodeiam, ou até individualmente a ti.

Faz se noite, e na escuridão lá de fora, vejo o brilho de seu suave corpo adormecido.

É tão longa à noite nunca pensei que fosse assim comprida e tantas coisas passassem em nossa cabeça, isso é meditação?

Não sei o que sei é que dormes tranqüila pra mais um dia corrido, atribulado, apesar das férias.

Ta quase na hora de fazer um café.

A água já quase fervida, o café depositado no coador, só esperando a água fervendo.

A fumaça já se faz presente, e o café sai aos poucos na cafeteira.

Deu até vontade de te levar uma xícara, mas não posso, prometi não te tocar, não posso te acordar desse sono bom.

Olha o dia, já nascendo, agora chegou minha vez tenho que partir tenho trabalho pela frente.

Espero que a noite chegue logo pra ver de novo o candeeiro se acender.

http://www.youtube.com/watch?v=Lc_xTnLM9ro

Roberto F Storti
Enviado por Roberto F Storti em 27/12/2007
Reeditado em 05/06/2013
Código do texto: T793280
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