AQUI SE PAGA

Chorou, um choro mentiroso, de quem estava perdendo a boa vida, não um amor, ficou de joelhos, implorou, o que de nada adiantou, estava sendo posto para fora de casa. O malandro foi pego com a boca na botija.

A vida tinha sido generosa com o Adalberto, pobre desde sempre, conseguiu se casar com Marilene, viúva depois de trinta anos de casada, mulher de família rica e tradicional, que deu vida boa para ele durante alguns anos. Tinham uma diferença de idade, coisa de quinze anos a mais para Marilene, que se mantinha a custa de malhação e caríssimos procedimentos estéticos.

Mas Adalberto, homem bonito, era demasiado mulherengo, nunca foi fiel e desde a lua de mel traía Marilene com qualquer um rabo de saia, amigas, parentes, empregadas, qualquer uma que tivesse um belo corpo estava em sua mira, pois, além da beleza, dinheiro não lhe faltava.

Só que dessa vez tinha ido longe demais, ficou com a melhor amiga da Marilene, mulher bonita, com um corpão e simpática, na cama em que dormia com a esposa, que inesperadamente voltou de um passeio no litoral com outras amigas que devia durar cinco dias, mas durou menos por conta de eventos climáticos adversos.

Foi um auê no condomínio de luxo na cidade alta de Juiz de Fora, teve até ameaça de tiro, gritaria e carro saindo em disparada pela rua, essas coisas. Agora o malandro estava sendo posto para fora de casa, sem direito a levar nada, pois o contrato de casamento dizia que em caso de traição ele não levaria nem um centavo, só levou uma pequena mala com algumas peças de roupa e cuecas, as que ficaram inteiras depois do rompante de fúria da mulher. Teve que deixar cartão ilimitado, carro importado e o dinheiro que estava em conta conjunta. Estava com uma mão na frente e outra atrás literalmente. Saiu.

Logo encontrou com outra, com quem tinha uns flertes fortuitos, e com ela se enrabichou, não era tão rica, mas podia dar conforto para o safado, morava em boa casa em fino condomínio...

Vez ou outra a atual companheira viajava por um dia ou dois, para vistoriar as filiais de sua rede de lojas, ia acompanhada do motorista gostosão, alegava preferir viajar de carro do que de avião, e deixava o companheiro sozinho em casa, pois ela não o queria metido em seus "negócios", cuidando dos cachorros e de sua tia velha e doente que não aceitava cuidadoras...

Celso Ciampi
Enviado por Celso Ciampi em 07/11/2023
Código do texto: T7926533
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