Pé de caju
— Dia, cumpadre!
— Dia!
Tonico e Branquim estavam amarrados junto à cerca bem na entrada. Tonico já estava aposentado e nem jacá carregava mais. Branquim lambia uma ferida no quarto traseiro, fruto da última noite de cio da cadela vizinha.
— E o cumpadre vai ficar quantos dias na cidade?
— Só pegar o aposento e fazer visita a uns primo.
— Fejão tá floridim, né cumpadre? Cumadre Ana que gostava de admirar as fila ficando colorida.
— E era cumpadre.
Branquim latia para as maritacas que passavam cantando aos montes. Tonico raspava o casco na base da estaca da cerca ao seu lado.
— Os menino num vieram mais, cumpadre Custódio?
— Mais não, cumpadre.
— E é.
— É.
Branquim agora rosnava para as moscas que tentavam lhe lamber a carne. Tonico esfregava as orelhas cumpridas na madeira da cerca, evitando as farpas do arame.
— Leve este trocado, cumpadre Marcim. Pra pagar o alimento dos dois.
— Carece não, cumpadre Custódio. Branquim é cria de Galega, mesmo que tá em casa. E Tonico já carregou muito azeite pra mode o terreno.
— Apois leve esta corda pra amarrar Branquim de noite. Tem fêmea em ponto de cruza aqui pertim.
— Carece não. Branquim dorme na casa junto de Galega. E os cajus? Pé de cumpadre deve ter dado muito esse ano.
— Deu, deu. Mas uns caju mirrado. Pé não tá mais feito antes.
— Cumadre Ana sabia cuidar do pé.
— E era.
— Pois já vou levando os dois. Passe lá em casa quando vier da cidade.
— Destá.
Custódio passou a corda no pescoço ao redor do galho mais frondoso do pé de caju. A corda era de amarrar Branquim.