O ELEVADOR DO DESESPERO
E de repente o elevador parou, estava no décimo quinto andar de um prédio comercial conhecido no centro de Juiz de Fora. No mesmo momento um cheiro horrível tomou conta do ar, o ventilador estava desligado, o elevador estava lotado. Olhares raivosos se cruzavam entre os passageiros, um rapaz fortinho, metido a estressadinho começou a procurar culpados, apontava ora para um, ora para outro e falava um monte, ninguém deu muito papo e ele se calou tampando o seu nariz também.
Em seu canto, quieto como o gás que havia acabado de poluir o ar ali de dentro, Altamiro suava frio, preparava um petardo, tinha tomado um copo de leite no café e não podia com produtos lácteos que davam-lhe cólicas horríveis e muitos gases com odor podre. Sem conseguir segurar mais um minuto soltou um tiro, que como um canhão cuspindo suas bombas, fez o ruído, característico dos gases flátulos, sair bem alto, nesse mesmo momento o elevador voltou a funcionar, o ventilador não, o fedor, pior do que o primeiro, espalhou-se rapidamente pelo pequeno ambiente.
Nem precisou o menino estressadinho dar seu piti, os outros passageiros reclamaram e deram uns safanões no peidorreiro enquanto o elevador descia, quando chegou ao térreo, o homem, todo machucado, teve a oportunidade de falar que estava com problemas de intolerância ao leite que tomou pela manhã, mas aí já era tarde e as pessoas saíram como se nada tivesse acontecido.
O estressadinho foi o único que não bateu no Altamiro, pois o primeiro pum foi o dele, que tinha a mesma intolerância láctea e tinha tomado um copo de leite misturado a um pó desses que ajudam a crescer os músculos, quando ele estava andando pelo corredor, em direção à saída do prédio soltou outro pum com barulho e uma velhinha meteu-lhe nos cornos sua bengala. O Altamiro se sentiu vingado.