O CASAMENTO
Outro dia, ainda bem cedinho, dona Glória saiu gritando de casa rua afora, um verdadeiro escândalo que acordou a rua inteira. Ela brigava com sua filha, Marita, que chegou da rua àquela hora e ainda por cima dizendo que estava grávida e ia se casar. Na verdade, dona Glória não estava preocupada com a gravidez da moça, isso era o de menos, ela estava preocupada é com o casamento, pois ela nem ao menos conhecia o rapaz.
E foi uma longa discussão, todos os vizinhos na porta da casa, uns queriam apaziguar a situação, outros colocavam lenha na fogueira, o bafafá era enorme. No meio da discussão apareceu um carro último tipo na rua, dele desceu um rapaz com carinha boa e roupa de gente fina, que foi em socorro de Marita, era ele o "rapaz sem eira nem beira", segundo dona Glória, que logo mudou de opinião, começou a defender o casório e que ele acontecesse o mais rápido possível. Quando ele disse onde ele morava, ela logo perguntou se iam morar lá depois do casamento, o rapaz disse que o pai havia lhe dado um apartamento de presente e que morariam nesse imóvel, era próximo de sua casa, no bairro chique. A velha entrou em delírio, expulsou os vizinhos xeretas e colocou o rapaz para dentro de casa, conversaram o dia todo, fez o rapaz almoçar, tomar café e depois jantar, quase o pôs para dormir junto com a filha.
Dona Glória agora anda toda metida pelo bairro, se achando a rica do pedaço, mal sabe ela que o tal ricaço, pai do seu neto, mora no bairro ao lado e o apartamento é um conjugado do Minha Casa Minha Vida comprado de meia com Marita em várias prestações, ah, o carro? É do patrão do rapaz... Mas isso é outra história... Esse casamento vai ser um bafo só...