Orlando anda pelo parque sem norte avaliando sua vida: tudo que já fez e o que ainda pretende fazer. As árvores amarelas, folhas no chão formando um tapete mostram que o outono está no auge e a chuva fina molha seu rosto, mas isso não o incomoda. Nesse momento ele não sabe quem ele é, ou melhor, até sabe, mas não quer continuar sendo quem sempre foi. Uma nova vida está nascendo mas não existe uma guerra, apenas mudanças. Finalmente a busca pela tão sonhada felicidade estar acontecendo.
Limpeza no armário, gavetas reviradas, jogar fora mágoas, ressentimentos, angústias e ódios que agora parecem tão pequenos. A vida é feita de constantes mudanças. Algumas dolorosas, difíceis, porém necessárias, mas Orlando sempre foi o mesmo a vida inteira. Tinha medo do novo, do desconhecido e foi levado a acreditar que mudar poderia ser perigoso. Abre os braços para sentir a chuva em todo o seu corpo e deixar sair a vida que grita dentro das suas entranhas sem cobranças, sem rumo, sem a obrigação de ter que tomar decisões. Que venha os acertos e os erros, o sucesso e o fracasso, o amor e o desamor, as dúvidas e soluções e que a vida também seja uma loucura com uma pitada de irresponsabilidade. Orlando quer todos os seus direitos.
Sentado em um banco sozinho, encharcado de chuva, percebe que a única coisa permanente na vida é a mudança constante que nos obriga a evoluir e a maior incoerência dela é exatamente não sermos coerentes. Que a coragem de acreditar no que ele acredita seja igual a coragem de ser quem ele é realmente é. Os laços do passado forma desfeitos para dar lugar a liberdade de voar sem medo de ser feliz.