CONTENDAS

As disputas pela posse de terra sempre existiram em nossa cultura. Desde o tempo de meus avós que ouço histórias sobre contendas envolvendo questões de divisas, pequenos lavradores sendo expulsos ou assassinados perdendo duas terras para aqueles mais poderosos que tinham amigos influentes nas Comarcas, conheciam sempre um bom advogado e era amigo de todos, até do Padre.

Uma dessas brigas não acabou bem, infelizmente. Mas era sempre assim alguém ficava no prejuízo, às vezes perdia anos de sua vida investindo no trabalho e na luta pela sobre- vivência. Quando conseguiam algum progresso, tinha sempre alguém de olho no resultado do seu trabalho nas terras. Acabava, de um jeito ou de outro ficando sem elas. Ou vendia por um preço muito abaixo do que valia, ou ficava ali brigando e perdendo o sossego e o prazer de aproveitar o que havia construído. Alguns, para não perder tudo e às vezes até a própria vida, vendiam e mudavam-se para a cidade.

Era comum, tanto que ninguém questionava mais. Aquele que tinha maior poder, sempre suprimia os pequenos que circundavam sua propriedade, a qual não parava de crescer mais.

Argemiro, homem humilde e trabalhador, morava, com sua família, mulher e três filhos pequenos, em seu pequeno sítio nas proximidades de São Bento da Cachoeira. Propriedade pequena, coisa de nada, pouco mais de 3 alqueires de terra. Mas Argemiro tinha o maior orgulho, quando falava das suas terras. Dizia que tinha as melhores terras da região, terreno úmido de terra preta onde tudo que plantava crescia que era uma beleza. Diziam que lá brotava água em uma capoeira que enchia um córrego que cortava seu sítio de meio a meio e ia desaguar na divisa das terras do Sr. Antônio do Bento. Esse tinha muita terra, acabava aproveitando toda a água que vinha do sítio do Argemiro pois a quantidade de água era tanta que por mais que aproveitasse, sobrava uma quantidade enorme que não havia como guardar ou usar. Sr. Antônio era amigo do Argemiro e estava sempre aparecendo por lá, até que se tornaram compadres.

Do lado de cima tinha o outro vizinho um tal de Valcir, sujeito mal encarado, sem educação que tratava todo mundo com desprezo, como se tivesse o “rei na barriga”. Andava sempre de botas até no joelho, vestia o mesmo paletó branco de brim e chapéu também branco. Assim desfilava o sujeito por todos os lados.

Diziam que ele havia expulsado o Ernesto, do sítio lá de cima depois de uma briga que durou anos. Segundo contam Ernesto tinha bastante gado e outras criações que de repente começaram a sumir e por mais cuidado que ele tomava o gado continuava a desaparecer. Sua lavoura de café pegou fogo e não sobrou nada, até os galhos do cafezal queimaram. Já não tinha mais quase nada havia perdido até a vontade de traba- lhar. Resolveu vender o resto da criação e foi embora para a cidade trabalhar na construção civil e com o pouquinho de dinheiro que conseguiu levar, fez um rancho no morro do canto, onde abrigava seus filhos e a mulher.

Do outro lado aconteceu a mesma coisa Benvindo também tinha um pedação de terra bem cuidada onde passava a estrada que dava acesso à cidade e às outras fazendas que ficavam mais adiante da sua.

Arranjou uma briga com o tal de Valcir, por causa de divisa que acabou na justiça perdendo uma faixa de quase um alqueire de terras, onde havia o melhor pasto. Chateado começou a beber nos botecos da estrada e a falar mal do seu vizinho. Chamava-o de ladrão de terras, contou que roubou o gado do Ernesto e colocou fogo no seu cafezal para ficar com as terras, além de dizer que havia comprado todos na cidade para ganhar o seu melhor pedaço de terra e um não podia ver o outro que já ia enfiando a mão na cintura, mas por sorte dos dois, sempre havia alguém que apartava o desentendimento e os dois seguiam o caminho sem maiores problemas. Tudo, até então não passava de ameaças.

Mas com o costume que Benvindo adquirira de sair toda noite e ficar até tarde na venda da estrada, local distante da sua casa mais uma légua, uma dessas noites, quando voltava para casa, alguém o tocaiou e acabou com a sua vida a golpes de facão. Sua mulher, Imaculada, já estava se acostumando com aqueles atrasos do marido que às vezes dormia até no quintal e só o via quando levantava para começar o trabalho do dia. Não se preocupou, quando passou da hora e o Benvindo não apareceu.

Foi dormir e deixou a porta da cozinha só encostada.

Na manhã seguinte, aparece um leiteiro que costumava passar por aquela estrada, bem cedinho, levando dois latões de leite no lombo do burro, produto do fazendeiro vizinho que era vendido na cidade. Da porteira, já começou, o leiteiro, a chamar a Imaculada: Ô Dona Imaculada, chega aqui.

• Que houve, leiteiro? Que afobação é essa homem?

• A Senhora não vai acreditar, mas o Benvindo está morto. Encontrei ele todo cortado de facão logo ali embaixo na estrada.

Imaculada, que havia começado a se preocupar com a ausência do seu marido, logo teve um desmaio. Acode aqui, gritava o leiteiro. Acode gente. Os que trabalhavam no sítio e a ajudante de Imaculada vieram correndo e acudiram levando-a para dentro de casa. O leiteiro não esperou. Deu seu recado e tratou de voltar para a estrada, já atrasado, para vender o leite na cidade.

Chegando na cidade, foi logo bater na casa do Delegado avisando do acontecido. Cumpriu sua obrigação, pensava ele. Agora deixa eu vender meu leite, senão o patrão fica aborrecido é comigo.

Delegado passa na cadeia, manda o praça de plantão colocar gasolina no jipe da polícia e segue para as terras de Benvindo para apurar os acontecimentos. Parou o jipe no local do assassinato, viu grande quantidade de sangue, verificou, olhou, tirou o lenço do bolso, enxugou o suor do rosto e falou para o praça:

- É soldado, foram mais de dois que tocaiaram o Benvindo, pelas marcas de botas na poeira, houve quase um baile, por aqui, ontem à noite. O homem deve ter dado bastante trabalho para os seus assassinos.

Dali rumou para a casa onde o defunto já estava sendo preparado para o velório. Conversou com a viúva, anotou alguma coisa em seu caderno, e foi logo se despedindo. Entrou no jipe e mandou tocar para a cidade.

Fez o seu inquérito, que era mais uma narração do que tinha visto e de suas impressões e mandou logo para o fórum. Limpou as mãos e disse: - Missão cumprida, praça. Agora vamos descansar, que o dia foi pesado.

Passaram-se alguns dias e tudo voltou ao normal. Imaculada levantando cedo, aprontando a comida dos porcos e galinhas, enquanto o seu empregado tirava o leite e soltava os bezerros, a empregada preparava o almoço.

Certo dia, já à tardinha, recebeu, a inesperada visita do tal de Valcir.

• Ô Dona Imaculada. Boa tarde. Meus pêsames. Soube da morte do homem, mas sabe como é. Não ia ficar bem eu aparecer. Portanto estava esperando passar uns dias.

Sei que ficou sozinha e que está sendo difícil a Senhora tomar conta de tudo isso sozinha e resolvi lhe fazer uma pro- posta. Uma boa proposta. Lhe dou dez contos de reis e uma casinha que tenho na cidade pelas terras. A senhora pode mudar, levar o que quiser e se acomodar no conforto da cidade e dar escolas para os meninos. Aqui não é lugar de mulher sozinha viver. É muito ermo e a vizinhança fica muito distante. Numa hora que precisar de socorro não vai encontrar ninguém. É melhor viver na cidade do que trabalhando igual homem nessas terras que não vão lhe dar futuro nenhum.

Imaculada, pediu um dia de prazo e foi pensar. Preferiu não comentar com ninguém e pensou que apesar do homem ser um crápula, ele estava cheio de razão. Não ia dar certo mesmo. Qualquer dia teria que vender pelo preço que ele quisesse pagar. Então era melhor aceitar a proposta e mudar-se para a cidade onde os meninos podiam ter uma vida melhor.

Quando o homem chegou, no dia seguinte, Imaculada já tinha até começado a arrumar suas tralhas para a mudança.

Mandou que ele apeasse e entrasse para a cozinha e lhe disse que venderia sim, mas que precisava de uns dois dias para arrumar a mudança e queria um carro de boi para levar suas coisas até à nova moradia.

Imediatamente Valcir concordou e prometeu lhe dar os dez contos de reis no dia que assinasse a escritura no cartório.

Assim Dona Imaculada despediu-se de tudo juntou o que podia levar e em dois dias já estava morando na cidade.

Restava, agora ir até ao cartório e assinar os papéis, pegar os dez contos e colocar no banco, assim se sentia melhor, sem as constantes preocupações e ameaças de Valcir.

Estava feliz e tratou logo de arrumar a casa do seu jeito, colocando as coisa que trouxe na fazenda nos devidos lugares. Gostou da casa e os meninos mais ainda, pois na vizinhança havia muita criança para fazer-lhes companhia.

Seu Argemiro, vizinho lá de baixo, ficou com a pulga atrás da orelha. Se o homem já havia expulsado um e mandado matar o outro, não ia demorar chegar a vez dele.

Foi logo procurar seu amigo e compadre Antônio do Bento e discutiu a situação com ele. Ou vendia as terras agora ou esperava para ver o que ia acontecer. Seu compadre até que se interessou pelas terras, mas não tinha dinheiro suficiente e não queria perder o vizinho e compadre. Prometeu ficar de olho e ajudar em tudo que fosse possível.

Seu Antônio não gostava desse tal de Valcir, pois sabia que se ele comprasse as terras de seu compadre, a primeira coisa que faria era desviar o curso do rio para as próprias terras, deixando seu sítio sem água. Então seria a próxima vitima do fazendeiro ladrão.

Durante muito tempo protegeu o seu compadre, mandando homens armados tomarem conta da estrada e fazerem rondas nas terras do Argemiro. Chegou a deixar um recado indireto para o tal Valcir. Na venda da estrada, onde os seus peões estavam tomando as cachaças da noite. Na conversa com o proprietário do estabelecimento, disse que com o seu compadre não deixaria nada acontecer, pois estava de olho e seus capangas estavam tomando conta de tudo.

Mais calmo ficou o fazendeiro Valcir. Já que não tem outro jeito, o remédio é esperar.

Seu Antônio do Bento era um homem frágil. Já havia sofrido de uma doença que o deixou acamado por muito tempo. Quase não trabalhava, ficava mesmo sentado na cozinha da sua fazenda, olhando pelo janelão dos fundos, o movimento lá de fora. Tinha uma visão privilegiada. De lá via tudo que acontecia, da estrada até a entrada da fazenda e ainda, apesar da doença, tinha bons olhos, nada escapava ao seu controle.

Argemiro até já se acalmara estava se sentindo seguro e tratava de trabalhar e melhorar as terras, enquanto isso acumulava um pouco de capital que depositava no Banco da cidade. Era para estudar os meninos. Chegou até a comprar, na cidade, uma casa, na rua do canto, perto do morro. Lugar de pobre, mas uma casa grande e bem construída, tinha um belo quintal e planejava mudar para lá na sua velhice e ver os filhos já estudados.

Assim passaram-se alguns anos e nada de errado acontecia.

Seu Antônio do Bento tratou de contratar mais capangas e se preocupou em proteger a água de que tanto precisava enquanto dava cobertura ao seu compadre.

Pensava: Enquanto tiver o compadre Argemiro nas suas terras eu estarei garantindo a água para as minhas plantações e para o meu gado. Não vou deixar que ele ceda às pressões desse tal de Valcir e acabe vendendo as terras e indo embora, ainda mais agora que comprou casa na cidade e os meninos estão crescendo.

Seu Antônio pensou até em fazer uma proposta para o compadre e ficar com as suas terras, já que ele estava mesmo com vontade de morar na cidade, mas ficou receoso de ofender o amigo e foi esperando. Tinha certeza que se ele fosse vender, venderia para ele e não para Valcir, portanto ficou despreocupado, de vez.

Mas com o passar dos anos, nem Valcir mostrava as garras, nem Argemiro vendia as terras para seu Antônio.

Certo dia, bem cedinho, seu Antônio acordou indisposto, foi para a cozinha, onde costumava passar o dia. A sua mulher lhe deu a caneca de café, mas ele disse estar se sentindo enjoado, não quis comer nada.

Logo sentiu uma fraqueza invadindo seu corpo e pediu à mulher para lhe ajudar a ir para a cama, que não estava se sentindo bem.

Sua esposa o levou para o quarto e pediu a um dos capangas para correr na cidade e chamar o farmacêutico. Médico mesmo só na cidade maior, mais distante.

Imaginou ela: Deve ser coisa à toa. Esse homem é forte que nem um touro, apesar de magro, não vai cair agora. Preparou um chá e levou até o quarto, na esperança de que seu Antônio tomasse pelo menos o chá e não ficasse de estômago vazio. Sua fraqueza devia ser porque estava sem comer. Nem havia jantado no dia anterior. Mas nada. Seu Antônio não tomou o chá. Disse que não sentia vontade que só queria descansar um pouquinho.

Então sua mulher voltou para a cozinha, foi preparar o almoço, enquanto ele descansava.

Chegou, enfim o farmacêutico que foi logo examinar o paciente. Boas notícias não deu.

- Sua pressão está muito baixa, seu coração está fraco, precisa vir médico da cidade grande ou levar ele para o hospital.

- Mas como vou fazer isso? Ele não se aguenta em pé. Como vai montar um cavalo até a cidade grande se quer ficar deitado falando que tá cansado? Quer matar o homem de vez?

O farmacêutico guardou seus apetrechos na maleta, deu uma injeção no paciente e disse que nada mais podia fazer. Se ele não melhorasse e se não o levassem para o hospital da cidade grande, ele podia não resistir.

Foi o que aconteceu. Passou o dia sem comer, só na cama e não dormiu a noite toda. Quando já quase de madrugada, enfim sossegou e parou de mexer.

Pensou a mulher, até que enfim dormiu. Nem vou me mexer para não acordar o pobre.

De manhã, bem cedinho, olhou para o marido, virado para o canto e deu graças por ele estar descansando, mas não conseguiu ver direito, a janela do quarto fechada e ainda madrugada, o sol nem tinha nascido. Não deu para ver direito seu rosto.

Foi para a cozinha despreocupada e começou a lida. Mais tarde voltou ao quarto para ver se o marido já havia acordado, estranhou ele estar na mesma posição desde a noite até agora. Colocou a mão no seu ombro e ele virou, como se estivesse caindo. Foi quando percebeu que ele já estava morto desde aquela hora que havia suspirado e cessado os movimentos na cama.

Toda vez que morre alguém é um tal de corre, corre, chama fulano fala com cicrano, avisa o compadre e ficou todo mundo alvoroçado. Foi triste. Seu Antônio do Bento era muito querido e de repente a fazenda encheu-se de amigos e conhecidos que vinham ajudar e dar o último adeus ao amigo. Desconsolado mesmo estava o compadre Argemiro que lamentava a morte do amigo que o deixara sozinho.

Encomendou-se um caixão e o corpo foi transportado para o cemitério da cidade no carro de bois. Após o enterro volta todo mundo cabisbaixo para casa e só se ouvia lamentos.

Seu Argemiro nem conseguiu dormir, além da tristeza com a morte do compadre, estava preocupado com um possível ataque do fazendeiro Valcir que estava de olho nas terras.

Tá vendo? Pensava, enquanto fumava seu cigarro de palha ao lado do fogão de lenha: Se eu não tivesse juntado meu dinheirinho e comprado a minha casinha na cidade, ia passar aperto agora. Se tiver que vender isso aqui, pelo menos vou para a cidade. Aqui que não vou ficar sem a proteção do meu compadre Antônio.

Com o dia já amanhecendo, Argemiro resolveu deitar um pouco para descansar o corpo, o dia tinha sido puxado e estava cansado.

Ficou desanimado com o trabalho e foi deixando o dia passar, só pensando. Mas nada do que previa acontecia.

Resolveu então, depois de alguns dias, ir até a casa da comadre para ver se esta precisava de alguma coisa.

Mas a encontrou até bem disposta depois da morte do marido. Voltou para casa e achou que tudo estava bem e que não ia acontecer nada do que temia.

Passaram-se mais alguns dias e a vingança de Valcir estava para acontecer a qualquer momento. O fazendeiro malva- do estava preparando uma surpresa para o Argemiro.

Enquanto esperava, pensava: Como foi prudente esperar. Agora fico com as duas propriedades. A viúva não vai aguentar ficar sozinha e ainda mais sem a água do Argemiro. Vou comprar as terras por preço de banana.

Foi pensando nisso que um dia chegou de surpresa no terreiro de Argemiro e foi logo ameaçando. Quero as suas terras. Dou três contos de reis e não se fala mais no assunto. Trate de mudar o mais cedo possível e é de porteira fechada. Não vai levar nada daqui. Falando isso, jogou sobre ele um pacote de dinheiro e nem esperou o homem contar, mas Argemiro que era meio nervoso, gritou:

• Não vou vender nada. Pode pegar seu dinheiro e sair daqui. Valcir se enfureceu e mandou um de seus capangas apear e convencer o sitiante que estava falando sério. O jagunço chicoteou Argemiro até que este caiu e não pode reagir. Valcir então disse:

–Amanhã volto para colocar fogo nessa tapera. Se ti- ver alguém dentro, vai morrer queimado as terras são

minhas agora.

Virou o cavalo e foi embora.

Argemiro, com o corpo todo dolorido pelas chicotadas, mandou a mulher recolher o dinheiro, buscou o burro, atrelou na carroça e começou a colocar suas tralhas dentro. Não esqueceu o facão de cortar cana nem a cartucheira de dois canos que guardava com todo cuidado. De manhã, bem cedinho, colocou a mulher e os filhos na carroça e começou a viagem rumo a sua casa na cidade.

Mas mal chegou na porteira de saída do sítio, lá estava Valcir acompanhado de um capanga. Argemiro, então agiu normalmente, desceu, abriu a porteira e já ia passando quando o Valcir lhe disse. A carroça fica. Vai ter que ir a pé. Eu comprei as terras com tudo que havia nela. Pode deixar tudo aí e seguir a pé.

Foi nessa hora que o sangue subiu à sua cabeça e Argemiro falou com a mulher e os meninos, desçam e fiquem atrás da carroça. A mulher, prontamente obedeceu e puxou os moleques e se esconderam, enquanto Argemiro pegava a cartucheira e apontava para Valcir. O capanga nem teve tempo de reagir. Levou um tiro no peito caindo do cavalo e logo em seguida Valcir que não acreditava no que estava acontecendo levou o segundo tiro, também no peito. Caíram os dois. No chão, Valcir, ainda se contorcia e gemia de dor enquanto o capanga já havia morrido. Nessa hora, Argemiro voltou à carroça, pegou o facão de cortar cana e decepou lhe a cabeça.

Os cadáveres ficaram lá à beira do caminho. Enquanto Argemiro colocou a mulher e as crianças na carroça e seguiu, sem uma palavra, rumo à cidade, como se nada houvesse acontecido.