Sete Calças
Toda cidade, toda localidade tem uma lenda urbana, essa que começo a relatar escutei em umas das minhas andanças pelo “Hell de Janeiro”, happy hour de sexta, cervejinha gelada, nada pra fazer, botando o papo em dia, jogando biriba no bar do Doquinha e chega o Nego Elvys, moleque chato, marrento, contador de vantagem, um verdadeiro garganteiro, bicava a cerveja de uns e outros e quase sempre no final da noite estava embriagado jogado pelo canto do bar ocupando a mesa e seu Doquinha desesperado para se livrar do importuno frequentador.
A madrugada chegou a clientela foi embora e Nego Elvys como de costume estava lá no cantão bêbado praticamente em coma alcoólico, quando Seu Jorge, boêmio das antigas teve uma ideia para tirar o juízo do Nego Elvys do lugar, juntou com a galera e carregaram o bebum para a calçada oposta deixando ele ao lado da caixa coletora de lixo, afrouxaram a calça, e derramaram claras de ovos nas nádegas do coitado.
O rapaz logo acordou e sentiu algo estranho suas roupas desajeitadas as nádegas úmidas, gelatinosas, uma sensação que ele ainda não conhecia olhou para o bar e avistou Doquinha e uns poucos clientes rindo e falando:
– Sete Calças pegou o malandro de jeito…
Nego Elvys saiu desesperado morro acima se refugiou em casa e nunca mais foi visto pelas redondezas. Sumiu no mapa.
*Sete Calças era um mulato alto, estivador, que sempre que saia do trabalho circulava os bares a procura de bebuns para praticar brincadeiras acaloradas.