A FELIZ DE INTERNET
Era a felicidade em pessoa, em suas postagens nas redes sociais tinha que ter fotos lindas com legendas motivacionais maravilhosas, estava sempre fazendo o bem e vivia uma vida intensa, totalmente radiante, era a riqueza em pessoa, mas tinha o dinheiro contado. Mostrava para todo mundo que tinha um alto astral e uma autoestima lá no topo da escala, se é que existe uma, quem a via de fora não achava que ela tinha problemas, nem mágoas escondidas e dívidas que ignorava. A inveja, ela escrevia em seus posts, para delírio dos seguidores, ser uma porcaria, que não valia a pena nutrir esse sentimento. Aparentava ser uma pessoa ótima de se conhecer pessoalmente, seus amigos da internet a idolatravam, curtiam suas fotos com avidez, ela conseguia centenas de curtidas e isso afagava seu ego, aqueles tinindo azulzinhos e os coraçõezinhos vermelhos das redes sociais eram o seu maior orgulho, queria mais e mais deles.
Vivia no mundo do faz de conta, uma vida maravilhosa, cheia de alto astral, aquelas palavras motivacionais, aquele ar de "não estou nem aí", festas, bares com amigos, que nunca apareciam, era tudo uma grande invenção. Na verdade essa demonstração de confiança e descolamento escondiam uma pessoa insegura, amargurada, de autoestima baixa, nenhuma na verdade, e totalmente invejosa.
Depois de curtir as curtidas conseguidas, de se deliciar com os comentários dos seus seguidores, de se encher daquela droga moderna e artificial que inebria os incautos, produzida por algoritmos desconhecidos, dos quais ela nem fazia ideia de sua existência, ela, em sua vida real, com as pessoas reais que ainda a cercavam, não lhes dava nenhum carinho, pois era egocêntrica, mostrava assim sua verdadeira personalidade, mas só para quem era bem próximo, para os outros continuava fazendo tipo.
E no fim de todos os dias ia dormir chorando porque nem ela acreditava mais em suas mentiras de redes sociais, nessa hora de silêncio e escuridão se encontrava com ela mesma, de forma nua e crua, e esse encontro não era nada amistoso, a custa de comprimidos, dormia, pois na próxima manhã era sempre mais um dia...