O LOUCO DA RUA
Louco, era isso que diziam dele, um cara totalmente alienado de tudo, sua casa ninguém sabia como era, ficava no meio de um enorme terreno, cercada por um muro altíssimo, em volta árvores e mais árvores que não deixavam um pedaço da casa à mostra. Saía muito pouco, e quando saía não falava com ninguém, seu carro tinha os vidros cobertos com um tipo de filme do mais escuro que havia, era um carro antigo, uma Veraneio azul, mas parecia que tinha saído da fábrica há pouco, devido ao lustre que apresentava.
Tinha cachorros na casa, ninguém sabia quantos e nem a raça, nunca foram vistos, só se ouviam os latidos fortes vez ou outra, pareciam ferozes, as bolas da molecada que caíam lá dentro voltavam destruídas, quando voltavam para fora, era o terror daqueles moleques quando isso acontecia, nenhum deles tinha coragem de entrar lá para buscar a bola.
Um dia, ouviu-se um grito vindo lá de dentro, outro, e mais outro, de repente muitas pessoas gritando ao mesmo tempo, apavoradas. Os cachorros latiam sem parar e furiosos como nunca foram ouvidos, e os gritos aumentavam, ninguém sabia que tinha mais alguém na casa. Chamaram a polícia, que conseguiu entrar com muita dificuldade, os policiais acharam o homem morto, mordido pelos cães ferozes por todo o corpo, eram oito os cães, quatro deles foram mortos a tiros pelos policiais, que se feriram ao entrarem na casa e serem atacados, os outros fugiram com os tiros para o canil e foram trancados pelos policiais até chegar a carrocinha.
As pessoas que gritavam eram dez mulheres, que o homem mantinha em cárcere privado, todas suas "esposas", estavam em uma espécie de cela no segundo andar, até agora ficavam em silêncio porque o homem as ameaçava com os cães, esses mesmos que o mataram.