MORTE SÚBITA
CONTINHO (SERÁ VERDADE?)
Aconteceu, há muitos anos, eu nem sei quantos, talvez uns trinta anos, quarenta? Na verdade pouco importa o tempo, mas sim o ocorrido.
Era um dia desses normais na vida de qualquer um, o sujeito acorda, faz sua barba, toma um banho e depois engole um café, ralo, chamado de café de fim do mês, quando a grana já está curta e não dá para comprar outro pacote de café antes de receber o pagamento. Mas o Geremias, isso mesmo, com "G", não ligava muito para isso, a vida para ele era sempre boa, ele estava sempre sorrindo e nada o tirava daquele estado de espírito, nem o ônibus lotado e o sovaco das pessoas dentro do seu nariz conseguiam fazer ele mudar seu estado de espírito, homem bom. Pelo menos é o que parecia.
Para entender a felicidade do Geremias, com "G", era preciso conhecer a Emiliana, que trabalhava na padaria do Centro, onde Geremias, com "G", passava todo dia antes de chegar na repartição e começar seu dia de trabalho, carimbando processos e os arquivando, serviço até fácil e sem muito estresse. Mas vamos à Emiliana, moça bonita de sorriso largo e doce, corpo de violão, que prometia intensa diversão. Geremias, com "G", era seu amante. Por ela fazia tudo, inclusive tomava café ralo e não dava presente para a sua esposa no dia do aniversário, estava sempre "apertado".
Um dia Geremias, com "G", morreu, estava nos braços de Emiliana, moça bonita e cheia de encantos. Sua esposa, ao ficar sabendo, dispensou logo o Jerson, com "J" mesmo, menino bom, pedreiro que há algum tempo fez uns reparos na casa de Geremias, com "G", e se engraçou com sua esposa, enfim, mantinham um caso. A mulher chegou ao local do ocorrido, um hotelzinho no Centro, xingou a amante, o morto e se disse humilhada, um escândalo só. Quem deu-lhe uma carona até lá, em seu corcel marrom setenta e poucos, foi o Jerson, aquele com "J", pedreiro que fazia os reparos...