O Seu Menino

22.08.23

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Acordava no meio da noite com medo do escuro. Saía da cama e ia até a entrada do dormitório dos seus pais. Ficava imóvel por alguns instantes segurando o travesseiro arrastado pelo chão. Seu pai roncava alto, sua mãe ressonava. Dormiam em camas separadas.

Sua mãe, por instinto materno, percebia o menino parado e estático a porta. Chamava-o. Ele ia e se deitava junto ao costado dela abraçado ao inseparável travesseiro. Era quente e aconchegante o contato , dando-lhe conforto e segurança. Dormia o resto da noite tranquilo.

Hoje, depois de muitos anos, seu sono é ininterrupto, não tem mais medo de escuro, mas acorda e se levanta algumas vezes, natural nessa fase da vida. Por isso, ele e a mulher dormem em quartos separados para não incomodá-la. E a cada levantada, escuta o ronco tranquilo e reconfortante no dormitório ao lado. Invejável!

Ao amanhecer, vai ao quarto da esposa com seu inseparável travesseiro, como quando era menino. Abre a porta com cuidado e a observa para saber se ainda dorme. Fica por algum tempo em pé. Sonolenta, chama-o, como sua mãe, para dormirem juntos.

Ele se aconchega ao corpo quente abraçado ao travesseiro. Ela começa a fazer carinho nos seus cabelos. Ele dorme profundamente.

O seu menino não mudou.

Fernando Ceravolo
Enviado por Fernando Ceravolo em 22/08/2023
Reeditado em 22/08/2023
Código do texto: T7867441
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