Futuro do Presente

Em cada rio que seca

O sopro quente da brisa

Em cada árvore arrancada

Em cada canto da serra

É a mata que agoniza...

Em cada perfuração

No leito do mar sereno

A broca quer arrancar

Petróleo, ouro, e sifrão.

Mas quando tudo acabar

O homem sem direção

Quando derem por conta

Da vida se lembrarão...

Enquanto o tempo não vem

Nem chega o holocausto

A vida acaba aos poucos

No solo pobre exausto

A terra, os campos, o céu

Sustém os sonhos febris

Delírios de um capital

Tornando gente feliz.

Enquanto o tempo não chega

Nem chega o fogo do sol

Talvez aguardam descrentes,

Desgraça, fogo, e seol*...

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*A palavra seol, de origem desconhecida, inspirava terror, mas não correspondia a uma noção muito definida. Significa a vida reduzida e silenciosa, sem qualquer relação com Deus, vivida pelos mortos condenados por seu comportamento na terra. Este lugar de permanência situar-se-ia nas profundezas da terra, onde os mortos descem para uma triste sobrevivência. Seu sofrimento é descrito como irremediável e como uma privação de tudo o que evoca, simbolicamente, a luz do sol. Seol e Hades significam sepultura em grego e em hebraico, portanto é a mesma coisa.