A encenação das águas
● Introdução:
Na vida há de se ver comédia ou tragédia.
Narrador:
Cresce-se, estuda-se, conhece pessoas e parceiras...
● Cena 1
- Muito prazer! Sou água corrente!
- Prazer! Sou água parada!
Narrador:
Trabalha-se, constitui-se família, vem-se os filhos e anos de dedicação sócio-moral-cristã...
● Cena 2
- Meu Deus! Que belo esse seu fluir de águas!
- Grata! Suas águas suaves também encantam!
Narrador:
Anos de trabalho, por fim a tão desejada aposentadoria. O que seria regozijo vira-se tragédia; o alcoolismo, jogos de azar, os conflitos conjugais e, logo a separação...
● Cena 3
(Som, câmera, ação)
- Ai de mim! Tornei-me água represada!
- Não se torture! Sua água lamacenta ainda dá peixes!
Narrador:
Os filhos acompanham a mãe e sozinho, divorciado, já velho, vê-se na solidão... [Procura-se um amor]
● Cena 4
(cena principal)
- Salve-me! Tá me faltando água pura!
- Sossegue, paixão! Há de haver ainda água de reuso nesse pântano!
Narrador:
Apresentam-lhe à internet. Rede sociais, site adultos, sala de bate-papos, sites de escritores... aí surge a comédia: é quando um velho se apaixona por uma jovem misteriosa e oportunista...
● Cena 5
(Ação de conflito)
- Dessa água poluída eu vou beber!
- Se beber se fartarás e surpresa terás!
Narrador:
O pobre velho e a jovem amada mantiveram esse "amor" e, como poços profundos e vazios, apresentaram-nos a tragicomédia, onde os dois se conectaram, mas, jamais se beijaram. Ele, frustrado, embevecido de desejos, morreu usurpado de amor. Ela, dissimulada, foi pega praticando mais um golpe do INSS para com aposentados. Presa, morreu socialmente e já era!
● Cena 6
- Adeus, maldito mundo! Aqui jaz água radioativa!
- Morreremos então! Quem bebe dessa água podre, jamais viverá!
THE END