A Pensão de seu Zezinho
A Pensão de seu Zezinho -- 11/12/2007 - 22:15 (Adalberto Anônio de Lima)
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A casa de farinha de seu Tomás, à margem do KM 71, passou a ser a nova pensão de seu Zezinho. Bebíamos água de um barreiro localizado na beira da estrada, misturada com a poeira deixada pelos caminhões. A água barrenta coada com um pano era um refrigério que durava pouco tempo. No verão o barreiro secava. Então, o caminhão que trazia gasolina de Araripina ia buscar água em Picos. Lá com apenas uma ligeira balançada, voltava carregado com água para o consumo humano. Bebíamos água com gosto de gasolina...
Na pensão do Km 71 tivemos uma mudinha em nosso convívio familiar por longos anos. Um caminhoneiro sem coração estava espancando uma jovem prostituta de apenas 17 anos, dessas que eles pegam na cidade, abusam sexualmente e largam na estrada. Mamãe viu a cena e não se omitiu diante do fato. A pobre moça já tinha as vestes rasgadas, o corpo esfolado de taca e continuava apanhando muito.
- Chega seu malvado! Largue a moça.
O homem assustou-se com a voz de comando, vinda com tanta autoridade de uma mulher. Deixou a mudinha, entrou em seu caminhão e foi embora.
A vida ali não foi só dor e amargura. Ganhamos algum dinheiro e nos mudamos para Picos. Nascia o Grande Hotel.
RODERIGUES,Francisco José; LIMA, Adalberto et al. O Brasil nosso de cada dia