Saudades do meu Pinto
Saudades do meu Pinto
Não é o que vocês estão pensando! Quando criança, meu avô me fez uma surpresa. Chegou em casa com seu Chevrolet 40 e me chamou: - Venha ver o que o vovô trouxe de presente para você! Disparei em direção ao carro. Meu avô abriu o porta-malas e dentro havia uma caixinha de papelão fechada. Ele falou: - Abra! Abra! Você vai gostar! Não pensei duas vezes e comecei a abrir a caixa. Ao olhar dentro...gritei: - Que lindo, vovô! Um pintinho amarelinho! Ele respondeu: - Um dia será um belo galo! Dei um forte abraço em meu avô e levei o pintinho para o quintal de casa. Todos os dias colocava água e farelo para ele. Minha alegria era tanta que quando chegava do colégio, ia direto para o quintal cuidar dele. Meses se passaram e o pintinho começou a crescer até se tornar grande e bem gordinho. Sua plumagem era vermelha escura e sua crista, cor de rosa. Era o centro das atenções. Quando um colega vinha em minha casa, logo o levava para o quintal para vê-lo. E não faltavam comentários: - Que lindo! Olhe que tamanho! Só tinha um, porém: - Não era um galo. Era uma galinha da raça Rhode Island Red, que chegava a botar 260 ovos por ano. Entretanto, um belo dia, quando cheguei em casa, minha vó toda sorridente me chamou: - Venha, meu netinho! Hoje a vovó fez um almoço daqueles! Sentei na mesa morto de fome e comecei a comer. Arroz integral, feijão-preto, uma bela coxa de frango. Tudo perfeito, ou quase perfeito! Que final triste! Quando comecei a comer a coxa do frango, falei para minha vó: - Que delícia essa carne, vovó. Ela respondeu: - Eu sabia que você iria gostar. É aquele pintinho que seu avô lhe deu! Buaaaa!!!!