O Paletó da Riachuelo
Passando pela Rua 25 de Março em São Paulo, vi um paletó todo listrado dourado na loja Riachuelo. Para a época era top de linha. Paguei no carnê em 24 vezes, pois a vista nem levaria par de meias. Olhei no espelho e me senti um Rodolfo Valentino. O vendedor ainda perguntou: - Quer que eu o embrulhe. Respondi, com um sorriso largo de alegria: - Agradeço, mas já vou vestido com ele. " Pressa e caldo de galinha não fazem bem.” Havia me esquecido desse ditado, mas... Tão logo cheguei ao trabalho, os colegas começaram a falar e dar risadas: - É de grife. Coisa de lorde. Tem mais lá... Assim, passei o dia andando com o peito estufado. Até cantarolava um versinho: “Meu paletó só eu tenho, único como a lua brilhante, Traço de elegância que ninguém alcança, Veste-me com o encanto de um instante, Em meu estilo, uma aura de confiança.” Infelizmente, a realeza de pobre dura pouco. Após cumprimentar vários colegas, fui sentar e coloquei o paletó na cadeira. Naquele momento passava dona Ana, a mulher do cafezinho, e perguntou: - Você se esqueceu de tirar a etiqueta do paletó? Levantei assustado e olhei atrás do paletó. TRISTEZA! PALETÓ EM LIQUIDAÇÃO!