A NOITE ORGÂNICA
Por entre os guetos, ecos,
Há sussurros e gemidos;
Ululam mendigos nos becos
Há lamúrios e vagidos.
O "silêncio" é profundo,
Exala uma febre quartã!
Na urbe vagueiam vagabundos
Num gesto calmo, e tantã!
Os olhares tão escusos
Entreolham-se, se esgueiram;
As pessoas em atos escusos
Estrebucham-se, se esperneiam!
Nas celas carcerárias
É angústia pungente,
E, a massa proletária
Barganha insultos repelentes!
Nos esgotos sujos, imundos,
Ratos chafurdam a assembleia;
Vermes negros, moribundos
Fuxicam a minha ideia!
“Os cães ladram,
A caravana passa.”
Uma bala perdida
Macula a vidraça!
O deus do sono é Morfeu.
Assim, aqui, penso eu
Na poeira, na bagunça:
A noite é uma criança?!