CERTA CHUVA DE VERÃO
No horizonte era de início uma imensa nuvem em tons azul-turquesa que avançava com seus gigantescos tentáculos, por sobre as expectativas espantadas e incrédulas de muitos.
Primeiro o fenômeno celeste enviou ventanias avassaladoras, logo vieram também os raios cortando os ares e os tenebrosos trovões completavam o grandioso espetáculo. Tudo apenas para anunciar a ansiada aproximação do poder eminente dos céus.
Um misto de alegria, surpresa e apreensão invadiu o imaginário dos que, impotentes e indefesos aguardavam o pesar inevitável da mão da mãe natureza, em forma de temporal.
E quando finalmente desabou a mega onda do firmamento, começou-se uma tremenda lavagem, uma abrupta centrifugação nas possibilidades e depois, uma demorada e necessária enxugada nas perspectivas.
Outro redemoinho de sensações foi deixado, depois daquele temporal.
Mas agora o solo agradecia, a fauna suspirava e a flora sonhava com um novo tempo futuro. Não, definitivamente não fomos esquecidos dentro de um eterno verão.
Depois da tempestade vem sempre a esperança.