MEMÓRIA NO CORETO DA PRAÇA (BVIW)
As ruas ainda conservavam traços de uma época em que a calmaria possibilitava andar sem pressa ou sem medo. Joana segurou a mão da irmã Eva com ternura e comentou:
- Quanta lembrança boa, não é? Fomos tão livres para nossas aventuras que não havia espaço para nada mais senão boas risadas.
- A nossa vida de menina foi um sonho de verão ou uma tarde de primavera. Quanta saudade!
- Ah, saudade é coisa de gente velha, a gente está só no meio do caminho!
As irmãs se entreolharam e caíram na risada. Os cabelos orvalhados revelavam um bom tempo passado.
- Vamos prosseguir, Eva!
Em cada esquina e nos pontos turísticos da cidadezinha, as irmãs oram sorriam, ora suspiravam. E os passos pareciam incansáveis, talvez querendo encontrar ou reencontrar algum vestígio de momento precioso, até mesmo alguém. As passadas começaram a ficar mais lentas à medida que Joana ia se aproximando do coreto da praça. Eva dizia algo sobre um acontecimento da juventude, enquanto adentravam no pavilhão erigido. A discussão com a melhor amiga havia separado Joana de uma pessoa muito especial. A disputa pelo mesmo rapaz azedou uma amizade de grande valor. Joana abaixou a cabeça e perguntou para a irmã:
- Eva, podemos fazer uma pausa?
- No passeio, já se cansou? – Eva estranhou, Joana era sempre a mais disposta -.
- Não, na conversa. – E completou: – Certas pessoas e lembranças levamos para vida toda, outras ficam pelo caminho, onde devem permanecer.