Nada de bobinha
Eu tinha uma teoria sobre ele, mas preferi guardar pra mim. Era um covarde na arte de amar. Sempre com aquele papo de romantismo barato. Dizia "eu te amo" como se fosse um bom dia, boa tarde ou boa noite. As ingênuas, eram essas o maior alvo do falso gentleman. Um dia botou na cabeça que me conquistaria. Chegou a dizer que eu tinha rostinho de anjo. Mal sabia ele que aquele anjinho de bobo não tinha nada. Insistiu! Chegou a mandar flores, e por sinal, horríveis. Tinha um péssimo gosto. Até hoje me pergunto : como alguém caia naquela conversa furada? Apesar da pouca idade, eu tinha o faro apurado. Sentia de longe o cheiro de canalhice. Intuição feminina? Talvez! Mas mais que intuição. Era a observação do óbvio, sem a ótica maquiada da ilusão. De bobinha eu só tinha a cara!