Histórias que gosto de contar – Mulheres trocando ideias
Histórias que gosto de contar – Mulheres trocando ideias
Gilberto Carvalho Pereira – Fortaleza, CE, 23 de maio de 2023
Um congresso de uma atividade profissional da saúde, realizado recentemente em Fortaleza, atraiu considerável número de profissionais da área, deixando patente a importância da profissão nos dias de hoje. A predominância da presença feminina confirma o que aponta as pesquisas do IBGE, mais de 60% desses profissionais, formados nesses últimos dez anos, são do sexo feminino. A presença em congressos e cursos de especialização, mestrado e doutorado confirma, elas não estão negligenciando da capacitação profissional, procurando se especializar cada vez mais, firmando conceito de excelência.
Nos intervalos das conferências programadas para o congresso em questão, a satisfação e o prazer de encontrarem colegas que já não se viam há mais de 20 anos, desperta a curiosidade sobre a situação profissional de cada uma. Muitas residem e trabalham em outras cidades, outros estados, até mesmo em outros países. O papo entre aquelas de mais tempo formadas, girou sempre, não sobre a profissão, a situação financeira e matrimonial, mas acerca da beleza, das plásticas e da virilidade. O termo virilidade, embora associado diretamente ao sexo masculino, também cabe à mulher, quando se refere ao apetite e desejo sexual, assim como acontece com os homens.
Então, foi ouvido, entre as amigas presentes, as seguintes perguntas:
─ Mulher, você ainda é casada com o mesmo marido?
─ Claro, eu não tenho idade para trocar e nem quero.
─ Pois eu já me separei três vezes, uma por viuvez e outas duas por não suportar ver a cara dos fulanos. Agora estou à procura, espero que pela última vez, de um marido que me suporte e eu o suporte.
─ Não sei como você consegue essa proeza – falou outra congressista.
─ Ainda estou em forma, física e sexualmente, portanto, continuarei buscando a felicidade ─ respondeu a questionada, encerrando o papo.
Em uma roda de oito colegas mulheres, de idades várias, embora nenhuma se atrevesse questionar sobre o estádio da existência de cada uma, outra colocou a seguinte pergunta no ar:
─ Qual de vocês ainda menstrua?
A resposta foi unânime, mesmo constrangidas:
─ Claro, o grupo aqui tem menos de cinquenta anos. Temos ainda um longo caminho a percorrer, ─ falou a mais nova da turma, que recebeu a concordância das demais.
Todas se olharam. Ficou no pensamento de cada uma qual a essência daquela pergunta. Então veio a réplica:
─ Invadir a privacidade de qualquer pessoa não é correto, não é sadio, ─ concluiu a mais centrada do grupo, não dando oportunidade para a tréplica.
A que fizera a pergunta, afastou-se um pouco, olhou para o grupo, observando o corpo de cada uma, sem dizer uma só palavra. Deu meia volta e saiu triste.
Um pouco mais afastadas, encontravam-se três jovens, recém-formadas, esbanjando juventude, bem-vestidas, sorriso franco, demonstrando que estavam procurando alguém para se relacionar, quem sabe, alguém que lhes conseguisse um emprego em uma clínica. Andavam pelo ambiente, esquadrinhando todo o salão. Sabiam que ali estariam profissionais famosos, que poderiam abrir seus caminhos.
Em outro grupo falava-se da beleza estética, de cirurgia plástica e outros procedimentos que embelezam o corpo feminino, responsável pela autoestima, traço essencial para a manutenção do bem-estar e da saúde mental. Discretamente comparavam os seios, as nádegas, a cintura, e trocavam informações sobre o profissional responsável pelo procedimento considerado um sucesso, em uma delas, deixando-a satisfeita pelos elogios recebidos. As mais recatadas, olhavam para todos os lados, mas nada comentavam.
O ambiente encontrava-se repleto de profissionais vindos de todas as partes do Brasil, acontecimento esperado por todos que ali estavam, só acontecia a cada dois anos. Os melhores, nacional e internacionais estariam presentes. As conferências tratariam o que há de mais moderno na disciplina de cada conferencista, dando oportunidade aos que vivem distantes dos centros mais adiantados, tirassem proveito para alargar seus conhecimentos.
Aos poucos o salão foi ficando vazio, no auditório os participantes foram tomando seus lugares, a próxima palestra trataria da valorização do feminino na profissão. Ao fim desta, alguns grupos se organizaram e foram em busca de divertimento, já era noite e estavam ávidos para experimentarem a culinária cearense, com seus pratos típicos à base de frutos do mar, carne do sol e outras delícias locais.