GIM COM TÔNICA
Estou as voltas com outro texto e foco no tema, nada surge de novo, somente temas já batidos na rede e bem pilhados. Olho ao redor alguns clientes no salão, aproveitam o momento de degustação de petiscos e fingem estarem atentos a si mesmo, ledo engano, estão todos eles conectados no mundo lá fora, a pela tela do celular. Vieram aqui para um descanso, uma fuga do mundo acirrado e ainda estão atados ao mundo e toda sua agitação.
Tento novamente focar no tema e o garçom, de soslaio me olha e faz cara feia, acho que preciso pedir algo senão ele me indica a porta de saída. Tiro os olhos da figura que me fita, e tento escrver algo, e nada me vem de sugestão; desvio novamente o olhar do papel e miro a vidraça e através dela, vejo a rua num dia de chuva. Uma mulher toda encolhida passa com uma bolsa colada ao corpo e um guarda chuva colorido, apressada nem vê um homem que lhe segue, ou impressão minha, ele apenas não sabe onde pisar, e escolhe o caminho que ela faz para não pisar nas poças d'água?! Quem saberá. Vejo a mulher sumir na esquina e o homem em seu ençalço, com um guarda chuva preto. Sumiram da minha vista.
Eu ainda não escrevi nada e olho para o garçom , um tanto envergonhada, preciso tomar um atitude e fazer um pedido, ele não está nada contente comigo ali no balcão sem nada pedir,e não tem cara bons amigos. E assim, de rompante me atrevo e peço:
- Uma gim com tônica, por favor!
Penso com meus botões , é a escolha mais adequada.
Ele me serve e meio curioso pergunta:
-Escritora?
-Não, apenas uma entusiasta e tentando escrever uma crônica. Respondo de pronto, sem dar fôlego para respirar, coisa de gente tímida.
- Hummmmm... ele esboçou um sorriso e deu de ombros, foi lavar os copos
Olhei para a bebida na minha frente. Parece bom. Que gosto tem?
Vale a pena provar. Depois...
Voltei a escrever.