VAI NA FÉ
No meio da semana, como de costume, fui na lotérica fazer uma “fezinha”.
Acredito em milagres, mas não conto com eles.
Faço a minha parte e deixo o restante para o acaso cuidar.
Logo na entrada, deitado na calçada,
um vira-latas amarelo jazia esparramado em sono profundo.
Como seu pelo era ralo, notei um nojento pulguedo ali entranhado.
O cheiro de rabugem exalava para dentro do ambiente
e a sarna à mostra denunciava o abandono do bicho.
As costelas arqueadas delatavam a fome que sem dúvida o açoitava há dias.
Explorei nos arredores em busca de um pau ou pedra para afugentá-lo.
Mas qual, como por impulso moralístico,
fui dissuadido dessa infame ideia.
Os tempos são outros, as leis são outras.
E mesmo um animal tão vil, está sob guarida dos Códigos hoje em dia.
Entrei e apostei na Quina 1, 9, 18, 20, 45 e 72.
Como no Bicho, espero que dê CACHORRO.