VAI NA FÉ

No meio da semana, como de costume, fui na lotérica fazer uma “fezinha”.

Acredito em milagres, mas não conto com eles.

Faço a minha parte e deixo o restante para o acaso cuidar.

Logo na entrada, deitado na calçada,

um vira-latas amarelo jazia esparramado em sono profundo.

Como seu pelo era ralo, notei um nojento pulguedo ali entranhado.

O cheiro de rabugem exalava para dentro do ambiente

e a sarna à mostra denunciava o abandono do bicho.

As costelas arqueadas delatavam a fome que sem dúvida o açoitava há dias.

Explorei nos arredores em busca de um pau ou pedra para afugentá-lo.

Mas qual, como por impulso moralístico,

fui dissuadido dessa infame ideia.

Os tempos são outros, as leis são outras.

E mesmo um animal tão vil, está sob guarida dos Códigos hoje em dia.

Entrei e apostei na Quina 1, 9, 18, 20, 45 e 72.

Como no Bicho, espero que dê CACHORRO.

REMI
Enviado por REMI em 12/05/2023
Reeditado em 22/11/2023
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