MEU REFÚGIO

MEU REFÚGIO

Ele é pequeno. Um guarda-roupas de casal, uma cama de casal, espelho grande para ver o corpo inteiro, uma cômoda improvisada, um puff e algumas malas de viagem que servem de “guarda coisas”, compõem o meu quarto.

Ele tem duas janelas, que em tempos frios, dispensa qualquer tipo de ventilação artificial. A janela maior, dá acesso ao suspiro do edifício e para a janela do quarto de uma vizinha (não se preocupem: não é possível invadir a privacidade dela. Consigo apenas acompanhar seu gosto musical em algumas canções entoadas por ela mesma).

Não invado a privacidade da minha vizinha, mas alguns pombos já invadiram a minha. Um dia recebi uma visita inesperada de um deles, que me deu maior trabalho para colocá-lo em liberdade, sem machucá-lo e deu prejuízo no quarto da minha filha, quebrando-lhe alguns objetos prediletos.

A janela menor, fica no lado oposto e dá acesso ao quarto da minha filha que é separado do meu, por uma parede de gesso, não muito grossa. Já notaram que no meu refúgio, ausência de barulho é peça fundamental não é mesmo?

A cama e o guarda-roupa tomam quase todo o espaço e escrevendo isso, percebo que está na hora de trocar o guarda-roupas por um de solteiro, já que não o divido com ninguém. A cama não dá para trocar. Sou espaçosa e gosto de dormir “espalhada”.

O chão é feito de madeira, como a maioria das partes da casa. Moro num loft e grande parte das divisórias, são de madeira. As dos vizinhos são do mesmo material então qualquer barulhinho já se ouve na vizinhança. Então já captaram o problema, não é? Não dá para fazer muitos barulhos em meu quarto, se é que me entendem...

Na cômoda, alguns apetrechos de uso pessoal. Caixinha de brincos, maquiagem (para ocasiões especiais, visto que ando mais “de cara lavada”), revistas e livros de cabeceira e um ventilador para ocasiões de muito calor.

Dentro das malas, uma parte da realização do meu sonho como escritora: Alguns exemplares do livro de minha autoria, O Vampiro da Internet.

Fisicamente, esse é o meu quarto. Não caberia descrevê-lo em 500 palavras, se eu detalhasse somente essa parte física, então vamos à função maior que o meu quarto representa: Meu Refúgio.

Ali eu leio, canto, escrevo, converso no celular, brinco com meus gatos, faço exercícios, ouço música e até arrisco dançar mesmo sendo um espaço ínfimo para tal atividade. E é também, onde desabo em lágrimas quando algumas mágoas me ocorrem.

Ele já foi testemunha das minhas maiores dores, dos meus desafios, das minhas grandes decepções e mágoas, mas também foi meu companheiro nos momentos felizes!

Sabe aquele segredo que você ainda não pode contar para ninguém, mas que você está explodindo de felicidade, doida para compartilhá-la? Pois é... É com o meu quarto que divido esses e outros segredos. Como? Falo mesmo com “as paredes” porque é difícil conter um geminiano! Deixo meus pensamentos fluírem a ponto de questionar a minha sanidade mental.