FEBRE
Acordou pior que na noite anterior. Os remédios tomados em dosagem e em horário contado não tinham surtido o efeito desejado, ou sequer oferecido algum alívio. Estava sentindo-se mais doente, o quadro de resfriado não havia melhorado e para completar sua angústia notou a temperatura corporal mais quente que o normal.
38.9⁰ C, indicou o termômetro, para sua infelicidade.
Tentou respirar fundo, mas o nariz entupido atrapalhou a passagem de oxigênio. Então, o dia seguiu-se estranho, fora de órbita, como geralmente as pessoas se sentem quando estão doentes e febris. Eram exclamações frustradas em voz grogue para cá, nariz sendo assoado de segundo a segundo para lá, e seu corpo inevitavelmente enfraquecido, vencido. As horas se passaram devagar enquanto se manteve enfurnada nos cobertores, apesar de o sol se exibir exuberante lá fora. Entre calafrios, arrepios constantes e extremo cansaço, a mente perdia-se nas sensações de debilitação causada pela febre, enquanto a consciência tentava se concentrar nas aventuras galácticas da tripulação da Enterprise passando na tevê.