Ouro de Tolo

Serelepe é um mineiro corretor de imóveis em grande dificuldade financeira, o mercado imobiliário está em baixa, devido à crise que estamos vivendo, ninguém ta conseguindo vender e nem comprar nada. O jeito foi pegar qualquer coisa pra fazer independente do que seja, porque daqui a pouco chega às contas pra pagar, aluguel já ta atrasado, luz, água, etc. sem falar na alimentação porque na casa dele são três bocas pra alimentar fora a dele. Os filhos já estão em escola publica e a mulher se vira como pode pra ajudar em casa.

Serelepe resolveu procurar uma quitinete numa comunidade pra se mudar o mais rápido possível. Enquanto procurava deu de cara com um sujeito olhando para um terreno cheio de mato. Ele se aproximou e disse: sabe dizer se por aqui tem alguma quitinete para alugar? O homem perguntou é pra você? Ele disse: sim! Não é difícil, mas você vai ter que rodar muito por ai até encontrar alguma. Eu tenho, mas no momento todas estão ocupadas. Minha preocupação agora é com esse terreno preciso aprontá-lo para construir mais quitinetes para alugar.

Mas qual é dificuldade do senhor com isso? É que eu preciso de alguém para cavar os buracos pra fazer a fundação. E quanto é que o senhor paga por esse serviço? O dono do terreno respondeu: oitenta reais a diária mais o almoço. Serelepe respondeu: eu topo! Primeiro seu nome? Ele respondeu Serelepe. Qual é a sua profissão? Sou corretor de imóveis. Seu telefone e seu endereço. Você está acostumado com esse tipo de serviço? Não mais encaro, comigo não tem desse negocio não pego qualquer coisa. Depois de dar toda informação que o homem pediu Serelepe ouviu o que mais estava desejando ouvir nessa crise. Então você começa amanha, esteja aqui às oito horas em ponto.

Serelepe respondeu: estarei obrigado pela oportunidade. E disse mais o dono do terreno: Já que você é corretor, quem sabe se você não acaba vendendo meu terreno enquanto trabalha. Porque o senhor tem interesse em vendê-lo? Por que não! Tudo depende da proposta. Em seguida Serelepe se despediu e foi embora.

Assim que ele entrou em casa a esposa foi logo perguntando: E ai bem conseguiu encontrar uma quitinete pra gente? Ele disse: não! Mas conseguir um emprego, começo amanhã às oito horas. Graças a Deus! Vai trabalhar aonde querido? Espere um pouco vou tomar um banho depois a gente conversa. Escuta cadê as crianças já chegaram da escola? Já sim estão lá no quarto agarradas no celular. Ta bom vou falar com elas. Depois de abraçar e beijar seus dois filhos, o Fernando e a Maria, Serelepe foi tomar banho pra depois jantar.

Após o jantar quando as crianças foram dormir, ele falou para a esposa o que iria fazer no novo emprego. Ele disse: amanhã eu vou cavar buraco. Como assim cavar buraco? É isso mesmo! O proprietário do terreno vai me pagar oitenta reais por dia mais o almoço. Querido esse trabalho é muito pesado, você agüenta? Tenho que agüentar agente ta precisando. Tudo bem se é isso que você quer.

No dia seguinte Serelepe chegou dez minutos antes do inicio do trabalho, com uma mochila com uma roupa velha para o trabalho. De repente ele viu se aproximar o dono do terreno que ele ainda não sabia qual era o seu nome com uns dez sujeitos fortemente armados e alguns deles usando droga. E ai Serelepe vai encarar mesmo essa braba? Porque não! Disse ele. Então tai toda a ferramenta que você vai precisar, agora é contigo. E disse mais: eu vou dá uma volta com a rapaziada depois eu volto. E o meu almoço perguntou Serelepe. Sem problema! Tá vendo aquela pensão ali do outro lado da rua? Sim estou. É só ir lá e falar pra eles que Dicão do ferro velho mandou botar na conta dele. Entendeu! Sim entendi. Fica tranqüilo daqui a pouco eu to de volta.

Enquanto cavava o buraco Serelepe pensou na oportunidade de vender o terreno, com certeza ele poderia ganhar uma comissão do Dicão. Mas o que fazer para levar alguém a se interessar por esse terreno em um local barra pesada como esse. A bíblia diz que: Cada um, porém, é tentado pelo próprio mau desejo, sendo por esse iludido e arrastado. Em seguida, esse desejo, tendo concebido, faz nascer o pecado, e o pecado, após ter se consumado, gera a morte. (Tg 1:15-17).

Foi exatamente isso que começou a acontecer com Serelepe. Ele começou a pensar nas piritas que ele tinha em sua casa, um mineral que ele trouxe de Minas sua terra natal. Pirita é um mineral que parece com ouro em pepita. Já que ele tinha algumas resolveu “semear” para vender por um bom preço aquele terreno. Esse pensamento o levou a trabalhar até com mais disposição e ignorando os perigos que ele poderia correr. Deu meio dia ele atravessou a rua para almoçar na pensão indicada por Dicão do ferro velho. Sentou-se na mesa leu o cardápio que estava escrito num quadro verde com giz o prato do dia.

Enquanto almoçava aproximou-se um sujeito que estava observando ele desde cedo e disse: Tem que ter muita disposição pra encarar uma braba dessa né chará? A necessidade nos obriga a fazer isso. Por que você não vem trabalhar pra gente? A grana é boa! Mais arriscado respondeu Serelepe. Existe outra maneira de ganhar até mais do que isso que você faz. Há é! Disse o homem do grupo do Dicão. Como me diga. Respondeu Serelepe: pensando enquanto trabalha. O sujeito deu uma risada e falou: tudo bem você é que sabe.

Serelepe já tinha cavado um buraco restava onze buracos, pra ele colocar o plano dele em ação precisaria de pelo menos a metade dos buracos prontos. Na parte da tarde ele deu duro mais uma vez e terminou mais um buraco. Quando encerrou o expediente ele acenou para um dos homens do Dicão que estava olhando a obra e foi embora. Chegou em casa exausto queimado do sol, foi direto tomar banho, falou com as crianças e depois jantou. Depois viu um pouco de televisão com a mulher e foi dormir.

Na madruga quando a sua mulher pegou no sono, ele se levantou de fininho e foi procurar as pepitas de pirita que ele tinha deixado no seu baú escondidas. Abriu o baú e elas estavam intactas brilhando como se fossem pepitas de ouro de verdade. Encheu sua sacola com quase todas elas deixando apenas duas e colocou em um lugar onde a sua mulher não pudesse ver antes de levar as crianças pra escola. Pela manhã tomou café e saiu enquanto a esposa estava arrumando as crianças para levar para a escola. Disse tchau amor! E foi embora.

Assim que chegou encontrou a comitiva próximo do terreno como sempre bem armada. E Dicão ao vê-lo gritou: É isso ai moleque tô gostando de ver! Logo mais eu tô ai. Serelepe trocou de roupa num bar próximo do terreno como era de costume em seguida entrou num buraco e começou a trabalhar. Pulando de buraco em buraco de vez em quando começou a distribuir as pepitas de pirita por buracos. E assim trabalhou até sexta feira onde conseguiu cavar dez buracos restando apenas dois para a próxima semana.

No fim da tarde Dicão apareceu e o chamou para fazer o pagamento da semana, retirou quatrocentos reais de sua carteira e pagou, depois disse: só resta mais dois buracos pra semana que vem, to contando com você pra terminar o serviço você vem? Claro que venho. Escuta Dicão! Por quanto você vende esse terreno se aparecer um comprador? Por que você tem algum comprador? Não mais tenho contato pra oferecer e nunca se sabe de repente aparece alguém. Bom se aparecer eu tô querendo quarenta mil reais, é esse o preço. Se eu conseguir vender por oitenta mil reais você me dá quanto? Ele deu uma gargalhada e disse: Se você conseguir esse milagre eu te dou vinte mil reais.

Tudo bem vamos ver. Depois disso Serelepe foi embora com um sorriso de meia boca com o pagamento no bolso. Deu o dinheiro pra mulher comprar alguma coisa e ficou pensando. Na manhã seguinte ele pegou duas pedras de pirita que tinha deixado de propósito e saiu para a cidade em busca de um lugar onde compra ouro. Chegando lá ele não entrou o objetivo era atiçar a cobiça dos olhos porque ela aguça a ostentação dos bens, uma não vive sem a outra para quem é ambicioso.

Ficou em frente do local aguardando a saída de uma vitima pra empurrar o ouro de tolo. Após escolher a vitima partiu na direção dela e disse: Esse local ai avalia ouro? O homem disse sim, por que você tem alguma coisa pra avaliar? Sim tenho. É que eu trabalhando em um terreno fazendo buraco pra construção de um prédio, achei essas pedras e queria saber se é ouro. Ele disse: Deixe-me ver. Eu mostrei ao homem as duas pepitas que disse que tinha encontrado. Ao ver as pedras a ambição se instalou em seu coração eu percebi pelo brilho do seu olhar, eu não sei o que brilhava mais as pepitas ou o brilho dos olhos dele.

Depois de algum tempo ele falou: Onde é esse terreno? É o local onde eu trabalho. Onde fica? Aqui mesmo no Rio. Alguém mais sabe disso? Eu disse claro que não. Nem o dono? Principalmente ele. E sua família? Minha mulher sabe claro. É melhor você não entrar ai não ainda mais com essa historia todo mundo vai querer saber onde é esse terreno. Mais cara eu tô precisando de grana, meu aluguel ta atrasado, luz e outras coisas mais. Vamos fazer o seguinte se você concordar certo. Então diga amigo. Vou te dar três mil reais por essas pedras. É pouco eu quero cinco. Ta bom eu te dou cinco mil reais vamos ali ao banco. Após sacar o dinheiro passou para Serelepe que colocou o mais rápido que pôde em sua mochila.

Em seguida o homem falou para ele: será que o dono do terreno vende esse terreno? Acho que sim. Quanto você acha que o dono do terreno ta pedindo por ele? Oitenta mil. Eu dou os oitenta disse ele. Então Serelepe disse: E eu? Acabei de te dar cinco. Né assim não cara. Eu também quero oitenta se não eu falo pro dono que o terreno dele é uma mina de ouro. Você vai ter que dar o mesmo valor que vai dar pra ele pra mim sem ele saber, se não agente não vai fazer negocio. Ele pensou e disse: tudo bem eu também te dou os oitenta mil, mas só depois que fechar com o seu patrão. Tudo bem assim está melhor.

Que horas você vai aparecer lá na segunda feira? Me passe o endereço que eu apareço lá às dez horas. Tudo bem aqui está o endereço. Quanto ao seu dinheiro como é que eu faço pra te pagar? Dê-me seu telefone que eu ligo pra você e te digo como vai ser. Falou então até segunda.

Ainda meio zonzo sem acreditar no que tinha acabado de acontecer, fui para casa sorridente com cinco mil reais na mochila. Assim que cheguei em casa, chamei a mulher e disse: Vá na rodoviária agora e compre três passagens pra vocês pra amanhã, estamos de volta pra nossa terra. Como conseguiu esse dinheiro? Vendi o terreno que eu estou trabalhando e esse dinheiro é só um adiantamento o resto eu vou receber segunda feira, por isso que vocês vão na frente eu vou depois. Os meninos já estão de férias assim que agente chegar lá podemos matricular eles pro segundo semestre ainda desse ano, sua irmã é professora não vamos ter dificuldade quanto a isso.

Assim que chegar lá fique na casa da sua mãe até encontrar uma casa pra gente, você vai levar contigo mais dois mil e quinhentos reais dá tranqüilo pra alugar uma boa casa, você sabe muito bem que aluguel lá é barato não é como aqui. E as nossas coisas? Eu alugo um caminhão pra levar tudo na segunda mesmo, não se preocupe.

Acertado todos os detalhes, a mulher foi compra as passagens enquanto ele aguardava ansioso que chegasse segunda feira pra botar a mão na bolada. Na segunda feira ele acordou sem barulho algum, sua esposa e seus filhos já tinham viajado no domingo. Levantou-se tomou café que ele mesmo fez e saiu para trabalhar, assim que chegou de longe já avistou Dicão com seus comparsas que de onde ele estava ao vê-lo imediatamente acenou para ele.

Serelepe o chamou a parte e disse: Vendi seu terreno. Ta falando sério! Claro! Daqui a pouco lá pelas dez horas o cara vai ta aqui pra conversar contigo. Vendeu por quanto? Oitenta mil como eu tinha falado pra você. Cara tu conseguiu vender por esse preço mesmo? Sim vendi. Então ta vamos aguardar o cara. Dicão dê uma aliviada na aparência pra não assustar o cliente. Pode deixar vou falar pra rapaziada agir com cautela.

Dez horas em ponto surgiu um carro que veio na minha direção e parou do meu lado. O motorista abriu a porta desceu do carro e foi logo perguntando pelo proprietário do terreno. O interesse era tão grande que nem me deu bom dia. Eu falei aguarde um pouco que daqui a pouco ele vai está aqui. Em poucos minutos Dicão apareceu e disse: e ai camarada o que é que tu mandas? Ta interessado no terreno? Sim estou! O preço é noventa mil é pegar ou largar. Mas Serelepe me disse que era oitenta, porque se for noventa não vai dar pra gente fechar negocio não. Tô brincando contigo o preço é oitenta.

E em seguida Dicão disse: O que você pretende fazer com esse terreno? Quitinetes pra alugar. Ok irmão tá com a grana ai? De maneira nenhuma agente vai ao banco e eu faço a transferência pra sua conta. Não eu quero o dinheiro ao vivo e a cores na minha mão entendeu? Pra hoje não dá porque o valor do saque é muito grande eu tenho que falar com o gerente hoje pra que possa ser liberado amanhã. Então ta! Amanhã se comunique comigo assim que for liberado que eu vou lá buscar certo? Certo!

Então prepare o documento do terreno pra quando chegar à hora é só assinar. Pode deixar respondeu Dicão. O cliente foi embora e Serelepe continuou seu trabalho cavando os dois buracos que restavam. Foi quando Dicão lhe falou: é camarada tu é bom mesmo nesse negocio de venda em! Nada agente faz o que pode.

Deu cinco da tarde e Dicão não apareceu para lhe pagar o restante do serviço. Então o jeito era voltar no outro dia até porque ele tinha que receber vinte mil da venda do terreno. Serelepe foi embora doido que chegasse logo o outro dia pra receber a bolada. Chegou em casa tomou banho jantou conversou com a esposa e os filhos pelo telefone depois viu um pouco de televisão e foi dormir. No dia seguinte acordou tenso com aquela situação torcendo pra que tudo fosse resolvido o mais depressa possível.

Enquanto isso Olegário o novo proprietário do terreno já estava na fila do banco esperando abrir pra sacar o dinheiro e passar para Dicão que estava esperando dentro do carro com três dos seus homens fortemente armado. Assim que o banco abriu o homem foi direto no gerente pra avisar sobre o saque foi prontamente atendido recebeu a importância desejada colocou dentro de uma sacola e saiu na direção do Dicão e disse que ia segui-lo em seu próprio carro até o local do terreno. Dicão falou tudo bem vamos nessa.

Assim que chegou lá Serelepe já se encontrava conversando no meio dos homens do Dicão bem a vontade, pois já tinha feito amizade. Ambos desceram do carro e se dirigiram para um bar onde Dicão trouxe o documento onde ambos assinaram inclusive Serelepe que foi uma das testemunhas. Bom amanhã vou trazer meus empregados gente que trabalha comigo a muito tempo pra tocar essa obra. Valeu qualquer coisa estamos ai. Dicão sorrindo disse: tudo bem o terreno é seu faça o que você quiser.

Em seguida Olegário foi embora ficando só Serelepe e seus homens. Bom agora é nós! Falou Dicão. Bom tá aqui como eu havia te prometido vinte mil reais, espero que faça um bom proveito dessa grana. Pode deixar vai ser muito bem investido. Há tava até me esquecendo o dinheiro dos dois buracos que você terminou ontem cento e sessenta reais. Ele disse se você não se importa gostaria que comprasse cerveja pros rapazes que estão sempre contigo. Ele disse tudo bem.

Em seguida Serelepe disse para o Dicão: Você uma pessoa abençoada, eu tive a sorte de te conhecer, você me abençoou. Dicão sorriu e disse: Sabe de nada inocente! Mas tudo bem foi bom fazer negocio contigo. Depois de se despedir Serelepe saiu sem demonstrar o nervosismo que o atingia por dentro, porque se alguém descobrisse o que ele fez estava frito. Agora sé resta a segunda parte do plano pegar oitenta mil reais do Olegário o comprador do terreno.

Assim que chegou em casa pegou o telefone e ligou para ele que prontamente atendeu, e marcou o local pra receber o dinheiro e explicou como ia ser. Ele iria encontrá-lo em um local publico onde houvesse acesso a carro, lá ele entraria no carro dele e pegaria o dinheiro e desceria onde houvesse um ponto de taxi. E assim foi. Em seguida Serelepe pegou o taxi e desceu próximo da sua casa onde percorreu o resto do trajeto a pé.

Assim que chegou em casa, pegou todas as contas atrasada e pagou tudo zerou as dividas, ligou para um caminhão de mudança desses que fazem mudança interestadual e o contratou pedindo urgência, no outro dia o caminhão estava lá arrumando todas as coisas em caixas e colocando no caminhão.

Na parte da tarde de terça feira o Caminhão partiu com destino a Minas para entregar a mudança. Serelepe em fim conseguiu resolver tudo preocupado lutando contra o tempo porque assim que tudo fosse descoberto ele deveria estar bem longe desse lugar. E nessa mesma terça feira a noite Serelepe conseguiu de avião voltar para Minas chegando na quarta feira em sua terra natal. Sua família já estava em uma nova casa alugada, agora é só aguardar a mudança. Serelepe saiu ileso e com grana nesse caso.

Nessa mesma terça feira Olegário apareceu com dois empregados pra tocar a obra e lhes deu as seguintes ordens: Afundem mais um pouco esses buracos porque eu vou colocar aqui quatro andares, e outra coisa toda a terra que vocês tirarem do terreno inclusive essas que estão ai fora, vocês vão ensacar todas elas, amarrar bem a boca do saco porque eu preciso dela pra aterrar o terreno da outra obra entenderam? Hoje eu ainda venho buscar a quantidade de areia que já estiver ensacada. Tudo bem chefe! Responderam os empregados.

Eles começaram ensacando as que Serelepe já tinha tirado e estava fora do buraco, depois começaram a ensacar dentro do próprio buraco e colocando junto das outras que estavam fora, essa foi a maneira que eles encontraram pra não chamar a atenção com o brilho das pepitas. Os homens já estavam sabendo o que iriam encontrar então cada pepita que eles encontravam enquanto cavavam, eles colocavam no saco com areia assim ninguém desconfiava de nada. Fizeram isso até as cinco da tarde na hora que Olegário chegou e juntamente com ele colocaram tudo em um pequeno caminhão e foram embora.

Levaram a terra para o galpão da outra obra, desceram toda a areia e começaram a peneirar a areia que estava nos sacos e uma a uma foi encontrando as piritas deixadas por Serelepe. Encheram um saco médio de pepitas. Com o saco em mãos ele disse: amanhã vou procurar um ourives pra saber o valor dessa pepita de ouro.

Na manhã de quarta feira lá pelas dez horas ele mostrou a pedra a um profissional no assunto para que ele pudesse avaliar. O profissional olhou profundamente para ele e disse: como você conseguiu essa pedra? Ele disse: isso não vem ao caso eu te procurei para você me informar o valor dessa pepita se não for possível eu vou procurar outro. O ourives lhes disse: isso não é ouro. Como assim não é ouro! Ta de brincadeira comigo né? Não! Estou falando sério, se você comprou isso ai você foi enganado, isso é pirita também conhecida como ouro de tolo.

Ela foi muito semeada algum tempo atrás em terreno por pessoas que queriam ganhar uma boa grana fazendo as pessoas pensar que estavam comprando uma mina de ouro, não sei se foi esse o seu caso, mais isso ai não é ouro mesmo, pode consultar outras pessoas. Mas é claro que eu vou fazer isso! Eu não confio em você.

Olegário saiu dali preocupado com o que ouviu do primeiro ourives, mas não desistiu facilmente e consultou todos os ourives da cidade, só que todos deram o mesmo parecer sobre a pepita dizendo: isso é pirita.

O desespero tomou conta de Olegário que gritou pra todo mundo ouvir assim que voltou para casa: Serelepe cadê você se eu te pegar eu te mato! Tentou ligar pra Serelepe, mas só dava caixa postal, Serelepe havia trocado o chip. Foi no endereço que Serelepe deu, mas se decepcionou porque o endereço era falso, aos poucos a ficha foi caindo e ele reconheceu que havia levado uma volta, ele comprou gato por lembre, ou seja, comprou ouro de tolo.

No dia seguinte ele resolveu falar com Dicão e falar o que havia ocorrido porque talvez Serelepe tenha dado o endereço certo pra ele. Só que a emenda ficou pior do que o soneto e Dicão não gostou nem um pouco do que ouviu e disse: vem cá quer dizer então que vocês dois resolveram me dá uma volta né? Eu não ele! Como assim ele! E se fosse ouro de verdade só quem tinha dançado seria eu, portanto isso não vai ficar assim não. Em seguida Dicão gritou homens: coloca o capuz nesse cara vamos levá-lo pro ferro velho, lá ele vai descobrir porque me chamam de Dicão do ferro velho, anda joguem ele no porta mala.

Os homens obedeceram ao chefe e pegaram o pobre do Olegário que estava aos prantos pedindo por misericórdia que não fizessem nada com ele. Ao chegarem ao local determinado desceram tiraram Olegário do porta mala e o colocaram sentado em uma cadeira em frente deles e tiraram o capuz, ele abriu os olhos desesperado pedindo clemência a Dicão.

Então Dicão disse: só tem uma condição de você sair vivo daqui. Ele respondeu fale eu faço qualquer coisa. Então vamos lá! Você deu pra ele o mesmo valor que me deu né isso? Sim dei. E deu mais cinco no sábado no dia que vocês elaboraram o plano, não foi? Sim. Eu dei vinte do meu porque eu falei pra ele que se ele vendesse por oitenta mil ele levaria vinte. Portanto a conta é fácil, você vai ter que me dar os oitenta e cinco que deu a ele e mais os vinte que eu dei se quiser sair vivo daqui.

Tudo bem eu peço pro gerente do banco liberar mais cento cinco mil reais para saque e entrego a você, ta bom assim? Ainda não cadê o documento do terreno? Ta lá no meu carro. Que carro você não tem mais carro e nem terreno esse é o preço pra que você saia com vida daqui até porque quem comprou ouro de tolo foi você e não eu, esse é o acordo. Você concorda? Sim ou não?

Sim o pobre do Olegário respondeu aos prantos. Tudo bem ligue pro gerente e peça para ele liberar o dinheiro pra amanhã hoje você vai dormir aqui no ferro velho, amanhã você vai fazer do mesmo jeito receber o dinheiro e trazer para aqui no seu carro, meus homens vão segui-lo de longe nem tente nada se você tem amor a sua família, entendeu? Sim pode deixar. Amanhã nos veremos!

No dia seguinte correu tudo como combinado Olegário fez tudo certinho e voltou com o dinheiro seguido pelos homens de Dicão, assim que desceu do carro Dicão disse: cadê o documento do terreno: ele pegou e entregou a ele que mais do que depressa rasgou na frente de todos e disse: agora me dê a chave do carro, ele entregou, e Dicão disse: a sua sorte é que eu sou uma pessoa abençoada quem falou isso foi Serelepe que disse que eu dei sorte pra ele, só que ele não sabe é que no dia em que eu encontrá-lo ele vai ter que devolver tudo com juros e correção monetária porque o dinheiro que ele levou é meu.

Agora vai embora vaza antes que eu mude de ideia. Olegário saiu de fininho cabisbaixo soluçando sem dinheiro, sem carro, sem ouro e sem terreno. Em Gl 6:7-8 diz: Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna. Amém!

Antonio Sergipano
Enviado por Antonio Sergipano em 07/05/2023
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