HOMENS E LIVROS
Havia um homem que lia muito. Comprava muitos livros e os devorava. Com esse costume conseguiu adquirir a reputação de entendido em leitura. Um certo dia, um escritor soube do nome dele e da reputação que ele tinha. Julgou-se apto a conversar com ele. Procurou se aproximar e iniciar um diálogo.
- Soube que você lê muito.
- E leio mesmo - ele respondeu.
O escritor sorriu satisfeito, parecia ser bem-vindo. O leitor contumaz não se sentiu ameaçado por nada. O escritor fez mais uma pergunta.
- Meu leitor, trouxe um livro que eu não consigo digerir.
- Qual o título do livro? - perguntou o outro.
O escritor não se negou a dizer-lhe. O leitor disse:
- Já li, achei uma bela porcaria.
O escritor se assustou. O livro em questão era sucesso de crítica e de público. Disse isso ao leitor contumaz. Que em resposta disse:
- Você ainda acredita nessas palavras?
- Acreditar em que mais? Vá às livrarias, vá as bibliiotecas, converse com outros leitores.
- Ora, balela.
O escritor se assustou. Porque o escritor convivia, no meio literário, com muita gente. Conhecia muitos bibliotecários. Era muito procurado por leitores, com quem conversava. Não retrucou porém. Mas pensou:
- Este sujeito é ameaçador para mim que gosto de livros.
E gostar de livros é gostar de tudo o que diz respeito aos livros. Foi andando devagar rumo a sua própria casa. Tinha ido de encontro a um homem que se ele desse corda, ia acabar fora daquele mundo em que vivia, o dos livros. E quem era aquele leitor contumaz? Isso ele se respondeu:
- Uma pessoa que era melhor deixar só. Só, ele não poderia destruir o mundo dos livros. Embora pelo mundo afora existam inúmeros escritores, inúmeros leitores, iúmeras bibliotecas. E imensas e múltiplas livrarias. E sites literários interessantes demais.