O Marechal e o Bispo

Marechal, assim era conhecido, há décadas, o Antônio, hoje um sargento aposentado das Forças Armadas, depois de um acordo para não ser expulso da corporação, por atentado terrorista (mal sucedido, diga-se de passagem) em um dos banheiros do batalhão onde servia.

Na modesta e pacata cidade de Miracema do Norte, Arlindo Orlando (sim, aquele contado na famosa música da saudosa banda fluminense Blitz), depois de vender seu caminhão, tornou-se pastor em uma igreja que ele mesmo criou na periferia da urbe. Com promessas de enriquecimento e cura, o bispo Arlindo teve que alugar um novo e maior galpão, porque sua igreja crescia bastante. Assim foi por anos, até se mudar para a cidade do Rio de Janeiro, fugido de uma acusação de estupro de menor, e abrir a Igreja Internacional da Promessa (igreja para fazer sucesso tem que ter nome pomposo, dizia ele) em uma favela próxima à região mais nobre da capital. O sucesso foi repetido, o bispo abriu novas igrejas.

Continuou crescendo, e o crescimento começou a incomodar a milícia (comandada pelo Marechal e seus filhos), que dominava a região. O bispo era bom de lábia e conseguiu fazer um acordo com o Marechal, já ingresso na política, no seu quarto mandato de deputado federal, para levar seu nome como o escolhido por Deus para toda a igreja.

O Marechal fez o mesmo acordo com vários líderes religiosos no país e, unidos, copiaram um slogan da então Alemanha Nazista, criaram uma poderosa rede de notícias falsas e de difamações nas redes sociais. O Marechal conseguiu chegar à presidência da República, com o apoio dos religiosos, dos latifundiários e do sistema bancário.

*Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança terá sido mera coincidência.

Joaquim Lutero
Enviado por Joaquim Lutero em 28/04/2023
Código do texto: T7774733
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.