O Perseguidor

Caminhava sobre os pedregulhos calmamente. Ouviu passos atrás de si. Não teve coragem de se virar.. Apressou a caminhada. O outro também acelerou. O coração dispara. Atravessa para o outro lado da rua. Passou sobre o gramado. Silêncio. Andou quase cem metros. Pegou novamente um caminho pedregoso. Os passos vem logo atrás. Algo machuca por entre os dedos. Mas não ousa interromper a caminhada. De repente sente o solado se despregar. Continua mesmo assim. Ouve agora o plec plec do solado, a caminhada se torna incômoda. O ritmo do outro diminui. Retira rapidamente o sapato e o coloca debaixo do braço.

Finalmente alcança a praça. A frente não vê ninguém. Agora o vento frio castiga o rosto. Mais alguns metros e sobe a escada que leva ao passeio da avenida. Os passos que o seguem são leves. Talvez seja produto da imaginação. Mas os ouvidos estão atentos. Começa a correr e o outro corre também. Vê o portão da sua casa aberto. Será que foi invadida. Se vira para encarar o perseguidor. E não acredita que foi seguido pelo próprio cãozinho.