O Lago.

 

Desperto cedo no domingo, o qual nem precisava, estranho é que quando um compromisso me aguarda durante a semana, assim que abro os olhos pela manhã , penso que poderia ser final de semana, pois não precisaria olhar o relógio nem tão pouco pensar na agenda apertada do dia.

Após o despertar penso em um passado de bonança e visualizo um futuro de aposentado descobrindo novas perspectivas, quem sabe um mochilão a desbravar novas culturas e formas de viver diferentes.

O passado nostálgico traz felicidade por lembranças lúdicas sem contudo não deixar de causar um aperto no peito causado por uma latejante saudade.

O futuro me inspira a sonhar com caminhos diferentes dos percorridos, ele em nada me amedronta , a não ser do agravamento de algumas dores no corpo causadas por uma diminuição do líquido que lubrifica as articulações que na roça diriam que"são os janeiros" acumulados.

Apenas o presente me entedia, e mal sei dizer o motivo porque exceto esse domingo especialmente me encontro em êxtase.

Talvez seja pela programação de ir de encontro a natureza, o passeio ao ar livre causa-me um certo encanto sem não deixar de trazer a preocupação da constante degradação do homem que destrói as matas desestabilizando o ecossistema no qual ele mesmo sofrerá as consequências, isso já testemunhamos nos dias de hoje.

O que virá adiante? Nada sabemos.

A caminhada por entre paisagem arborizada e o lago me emociona, inspira a dizer frases que não fazem parte do meu vocabulário vespertino rotineiro.

O contorno pelas margens do lago visualizando o reflexo da água cristalina sempre acalma.

O domingo, ao lado dela, a serenidade do lago traz uma paz interior difícil de definir.

Tanto que ao ver o cenário digno de filme ainda recordo as poucas palavras que me vieram a mente:

" Essa manhã, essa caminhada, esses patos a enfeitar o lago de águas transparentes dá uma vontade de dizer

te amo".