20- Coiseiras de Morro Seco: As Flores.
20-Coiseiras de Morro Seco: As Flores.
Candida, a Dida, é uma mulher muito agoniada. Em chão de povo calmo que vive e sobrevive no ritmo daquele tempo que o sol dita no meio da caatinga. Dida é ligeirinha. Dida corre daqui pra ali, corre de ali para cá.
No Juazeiro da Bahia, morreu a prima, a amiga e a comadre Lia. Velório e enterro lá no Juazeiro. Aviso que chegou pelo “Zati Zapi” (WhatsApp).
E Dida correu até o Mercado do Bico e comprou foi é seis maços de flores. Ali não falam buquê e nem ramalhete...
Pelo Zati Zapi chamou o carro do “aplicativo de Morro Seco”; o ‘GJ’; Garupa de Jegue. E agoniada viajou ao Juazeiro.
Juazeiro, Cemitério do Alto da Maravilha, ali onde nas noites de sexta-feira Santa os penitentes pagam a penitencia. Dida desceu do carro abraçada com aquele monte de flores. Entrou na sala onde estavam velando o corpo e afobada foi espalhando flores por cima do caixão. Respirou fundo, olhou para o povo que ali estava, não conhecia ninguém. Espiou o caixão; o defunto era um homem. Ficou meio besta. Um rapaz notou que ela estava abestalhada e perguntou:
- A senhora, está procurando quem?
-O velório de minha prima...
-A pois, é na outra sala, aqui no ladinho...
Dida agradeceu e mais que ligeiro começou a recolher as flores...