Página trinta (BVIW)
Hoje tem livro na página trinta. A expressão era comum quando a professora Ana agendava uma reunião de trabalho com o propósito de apresentar ou discutir um projeto educacional. Nem sempre ela precisava escolher arcabouços teóricos para explicar os processos necessários para desenvolver a proposta em discussão, contudo, era catedrática em definir como obter os resultados que atendessem os objetivos e gerassem, também, impactos sociais. Ela argumentava que só um trabalho educacional coletivo e comprometido poderia melhorar a qualidade da educação.
Com isso, ela defendia o ensino de qualidade como é assegurado pela Constituição de 1988, um direito de todos e, portanto, os deveres deviam ser compartilhados pelos pais, professores, gestores e a sociedade.
Por isso, quando a professora Ana abria o livro na página 30, todos em seu entorno sabiam que o seu propósito era provocar as pessoas envolvidas com a educação para que enxergassem pelas lentes da esperança, despertando-as sobre a importância de compartilhar saberes, como uma boa razão para se viver em uma sociedade com menos desigualdade socioeconômica. Mesmo se ela conseguia atingir pelo menos uma pessoa com sua persuasão, concordava com o mestre Rubem Alves em uma de suas frases: “por vezes a felicidade se faz com sonhos impossíveis” e que, estimular para a melhoria da educa(ação) é tão importante quanto despertar a inspiração.
Por esse motivo, todas às vezes que a professora Ana abria o livro na página 30, ela fazia questão de lembrar sobre a importância da leitura para o processo de conhecimento, e, parafraseando o escritor Anderson Horizonte, dizia: “Leia sempre que possível. E lembre-se, sempre é possível ler”.
Iêda Chaves Freitas
21.03.2023
Tema da semana: Abra o livro.