A Terapia
Depois de um longo diálogo com o terapeuta, em que o contei cada tragetória da minha vida: desde o abandono da minha mãe por um homem, ao bullying que sofri na escola por longos anos enquanto era somente uma menina, pude dar as minhas considerações finais ao terapeuta durante a terapia:
- Senhor, não há nada de tão errado comigo! Só sou romântica demais para a juventude que contenta-se com relações frívolas. Eu vou superar, não precisarei sequer de medicamentos, só preciso de sinceridade afetiva. Só preciso de alguém para compartilhar uma vida. Só preciso livrar-me da solidão em pertencer à somente minha própria companhia.
Ele então, me contraria:
- Luci, suas emoções não estão em equilíbrio. Você sequer é o que parece. É somente uma farsa, uma máscara. Não é romantismo, menina! É a necessidade em ser submissa. Necessidade em ser digna de amor e companhia, e medo de morrer sozinha. Devemos nos contentar com nós mesmos, já que morreremos sem nenhuma companhia. A paixão não pode durar por toda a eternidade, principalmente hoje em dia. Em um século repleto de pessoas frívolas. Contente-se com o agora, minha querida! A sua intensidade é a ausência de si mesma. É dependência emocional. E, se continuar desta forma, ninguém precisará acabar com a sua vida, você fará sozinha.
Com lágrimas nos olhos, e os mesmos arregalados, minha respiração tornou-se ofegante. Pude pensar, por aquele instante, que eu morreria. Pois tanto respirar quanto manter-me de pé estava difícil.
Quando recuperei a consciência de onde eu estava, pude enfim agir. Impulsivamente, corri para a saída do consultório. Sem nem sequer me despedir do terapeuta.
Prometi para mim mesma que jamais voltaria para a terapia. Foi difícil para mim ouvir que eu não deveria estar viva.