O PAPA FRANCISCO, MESSI E O FIM DO MUNDO.

Há pouco tempo, o mundo assistiu, estarrecido, a renuncia de Bento XVI, o papa alemão. O cardeal Joseph Ratzinger, sucessor do agora santo, João Paulo II, se tornava o primeiro papa a renunciar ao cargo máximo da igreja católica em 600 anos. A fumaça branca subiu aos céus da cidade eterna. -"Habemus papam." Dizem que o argentino Jorge Mário Bergoglio era pra ter já sucedido o papa João Paulo II mas o nome de Joseph Ratzinger era mais forte na época. O argentino teria de esperar, assim como Lionel Messi esperou tanto tempo pra ser campeão do mundo com a seleção argentina. A figura do argentino bonachão surgiu na janela enorme em frente a praça de São Pedro. Os brasileiros até aventavam um papa brasileiro mas o argentino foi o escolhido. Um papa africano talvez? Um papa norte americano?! Jorge Mário Bergoglio era o nome do papa que escolheu ser chamado de Francisco I. Se não me engano, São Francisco era do século XII ou XIII, um santo espetacular e com uma história igualmente bela e venerável. O irmão sol de Assis tem uma mensagem atual e a escolha de Francisco é louvável e muito oportuna. São Francisco era austero e pobre. O padroeiro dos animais, o criador do presépio e aquele que conversava diretamente com Cristo, tendo até seis estigmas e morrido jovem como o divino mestre. Teóricos da conspiração diziam que Francisco era o último papa, etc. A renuncia de Bento XVI era um sinal do apocalipse e do fim do mundo, etc. A eleição de Trump, que significa trombeta, era a prova que as trombetas dos anjos do Armageddon estavam a postos pra anunciar o fim dos tempos, etc. -"Um papa latino americano?! Argentino?! Porquê não elegeram papa o cardeal Hummes? É um sinal do fim do mundo!" Disse meu sobrinho Reginaldo, ex seminarista Salesiano, agora casado e pai de cinco filhos. Francisco reformaria a igreja e revelaria os escândalos do clero?! Faria uma verdadeira faxina?! Em seus primeiros anos vimos pouca reforma e muito simbolismo. O papa sorridente e torcedor do San Lorenzo cativou o mundo todo, inclusive os brasileiros com sua visita a Aparecida. Francisco, um defensor do meio ambiente, acolheu como poucos os marginalizados, homossexuais, crianças, pobres, mulheres e divorciados mas mexeu muito pouco na doutrina da igreja. Primeiro papa latino americano, primeiro papa jesuíta, primeiro papa argentino e primeiro a se chamar Francisco. Um papa humilde que pagou a conta do hotel onde estava hospedado antes de sua eleição pelo conclave. Desistiu do luxuoso e nababesco aposento papal, seguindo no seu quarto comum na Residência Santa Marta. Um papa que toma café com os guardas e outros funcionários do Vaticano. Sua primeira viagem foi pra Lampedusa, ilha italiana que recebe inúmeros imigrantes clandestinos vindos da África. São muitos que morrem tentando atravessar o mar revolto. Francisco foi solidário com todos. Sua primeira encíclica Lumen Fidei, Luz da Fé, trouxe pouca inovação e avanços, sobretudo em relação a casamentos entre indivíduos do mesmo sexo. Francisco é papa mas também é humano, é Jorge Mário. Francisco não dispensa a acolhida. Francisco mostra a doutrina mas não discrimina nem julga. É o papa da inclusão. Só o fato de tocar no tema é um avanço e tanto e nisso Francisco também é pioneiro. O papa argentino prega a acolhida também aos que se casam mais de uma vez e aos divorciados, vistos como excomungados dentro da igreja, fazendo -os sentir como membros da igreja que olha e cuida deles, encorajando -os a viver no evangelho. O papa da era digital e da globalização é adepto e atento as redes sociais mas parece resistir em romper as barreiras da realidade e do dogma. Há uma queda vertiginosa do número de católicos no mundo, sobretudo na Europa. Na América latina e no Brasil, o fato acontece e não é segredo. No Brasil, caiu de 90% pra 64%. Estaria Francisco sendo cauteloso pra não dividir a própria igreja, já que não é, ele mesmo, unanimidade entre a maioria dos cardeais?! Messi venceu, finalmente, a copa do mundo do Catar. Conquistou o tão sonhado tri da seleção argentina após décadas sem títulos. Eleito o melhor jogador de futebol do mundo de novo mas muitos preferem o Cristiano Ronaldo. Muitos dizem que Messi nem serve pra engraxar a chuteira do Maradona. Assim como Messi, Francisco não é unanimidade. Seria o papa argentino um semeador, um roceiro que estaria preparando o terreno da igreja pras mudanças futuras?! Só o tempo dirá. Nosso rei Pelé merecia ver o Brasil campeão do mundo antes de partir, mas... isso já é outra história. FIM