Breve Conto: A Espera.
— Com licença! Com licença! Preciso passar!
Ofegante, ainda tenho forças para um “Bom dia!”.
— Onde fica a plataforma 8?
— Siga em frente, apresente seu bilhete de embarque e passe pela catraca. Em cinco minutos os corredores de acesso serão fechados.
Sigo rigorosamente todos os passos para o início de minha viagem. Quase sem fôlego, chego a plataforma. A espera é bem oscilante. Inicia com a chegada, já pensando no final da jornada. Olho para o relógio gigante bem na minha frente.
— Que bom! Estou no horário! Pensei.
Enfim, o dia de minha viagem chegou. Meu transporte chega em minutos. Deixo as malas no chão. Verifico as horas novamente. Estou no horário. Em breve, darei início a esta jornada que tanto planejei. Olho rapidamente para o relógio em meu pulso direito. Comparo com o relógio gigante da estação. Meus pés estão inquietos. Os segundos batem e estão iguais. Onde está meu transporte? Deve estar a caminho, pensei. Já se passaram 4 minutos e ainda estou esperando! Que eternidade! Quase que simultaneamente, olho os dois relógios e noto que, em menos de um minuto, irei partir.
O tempo passa lentamente. Meu coração está acelerado! Quanta ansiedade! Um pouco mais de espera e percebo que já se passaram 30 segundos desde o último momento que chequei os minutos. Nada ouço além das vozes de todos que esperam. Nenhum sinal do transporte que me lavará ao início de minha viagem. A angústia me toma o peito. Começo a suar frio! As dúvidas me tomam a mente!
Quarenta segundos de espera e até agora nada.
— Será que vai atrasar? Pensei.
Se isto acontecer, toda a minha viagem irá atrasar também. Como vou fazer para avisar a todos que irei atrasar? E o próximo trem? Será que devo procurar alguém da estação? E se eu sair daqui e o trem chegar?
Cinquenta segundos de espera. Oscilam meus batimentos cardíacos e meu único pensamento se refaz em um ciclo de repetições que afirmam que irei atrasar. Cinquenta e cinco segundo e nada.
— Onde está que não o vejo! Nada ouço! Onde está o trem? As vozes em minha mente não param de afirmar que o trem irá atrasar.
Cinquenta e sete segundos e ainda estou esperando. Tenho três segundos para embarcar! Do contrário, todo meu planejamento irá atrasar. Minhas pernas começam a tremer. Estou tenso e inquieto! Cinquenta e nove segundos e o ponteiro do relógio não para de girar! Longa espera por meu trem que não chega! Ouço vozes! A felicidade é evidente!
— Será que estas pessoas não veem que tudo está atrasado? Gritei em minha mente.
— Como podem ter tanta felicidade por algo que ainda nem está aqui?
Senti uma mão em meu ombro! Viro-me aflito e, com minha mente cheia de perguntas, olho nos olhos daquela senhora de rosto tranquilo. Ela estava bem vestida, discreta, cabelos bem penteados... Sinto um grito silencioso em meu coração, desejando a notícia que tanto espero! "Fale logo!" gritei em pensamento. O que veio, na verdade, foi uma pergunta:
— O senhor não vai embarcar? O trem já vai sair!
— Quando ele chegou? Perguntei aflito tratando de pegar minhas malas...
— Ele sempre esteve aqui! O senhor não percebeu?
Peguei as malas, corri ofegante, entreguei o bilhete de embarque ao fiscal, entrei ansioso no trem que sempre esteve na plataforma de embarque; sentei, relaxei, respirei fundo e pensei: Que bom! Minha viagem começou.