O ajudante do padre
Lá pelos anos de 1960 havia um garoto que pretendia ser padre, devido a sua extrema dedicação e inteligência aguçada, o pároco da cidade tornou-o seu ajudante, visando prepará-lo para um futuro ministério eclesiástico. Porém, ele tinha um ponto fraco, ou forte, dependendo do ângulo, admirava as mulheres. Com o tempo, sua vocação cedeu diante da paixão por uma bela mulher, com quem se casou e teve e seis filhas mulheres.
Seu outro ponto fraco era o medo de escuro, pois acreditava que na escuridão apareciam as almas penadas. Talvez isso explique o porquê de se casar tão jovem, dizem as má línguas, que se casou mais pelo medo de dormir sozinho que pelo amor que sentia por aquela que conquistou seu coração.
Naquela época, havia boatos acerca de um vilarejo da região, onde pessoas estariam sofrendo ataques do inimigo (cão, satanás, diabo), como preferir. O padre resolveu visitar essa comunidade para vê o que estava acontecendo realmente. Por confiar incondicionalmente no garoto, que era muito responsável e estudioso, convidou-o para acompanhá-lo nesta missão de visitar o vilarejo, do qual se dizia está contaminado pelas forças malígnas por meio de possessões.
Durante o dia foram muitas visitas, ouviram alguns fiéis que diziam vê coisas estranhas à noite, mas nada que justificasse uma intervenção por parte da igreja. As histórias estavam mais para “histórias de trancoso” sem fundamento de validade algum.
Devido ao adiantado da hora, não foi possível retornarem a tempo de pegar a última embarcação. Assim, tiveram que pernoitar na casa do seu João, homem muito dedicado as atividades cristãs. Como a casa era modesta, ele cedeu o próprio quarto para o padre; ao ajudante, sobrou uma rede e um lençol antigos, mas com cheiro de novos, de tão limpos!
O ajudante preferiu dormir cedo, logo após o jantar, pois estava muito cansado, não ficou para participar da roda de conversas que se formava naquele momento. Agradeceu pela hospitalidade e retirou-se, pegando no sono mais rápido que um relâmpago.
Lá pelas tantas, acordou com vontade de urinar, mas percebeu que uma figura alta, segurava seu pé, por mais que tentasse puxá-lo, o homem era mais forte e o segurava com força. Tentou vislumbrar os chifres, mas não foi possível, pois estava muito escuro, mas sabia que com certeza era um demônio ou uma alma penada para testar sua fé. Não conseguia se lembrar de nenhuma oração específica para afugentar almas ou demônios, ainda lutou tentando libertar seu pé, mas foi em vão.
Percebeu que só restava sua única arma disponível: a oração. Orou o “Pai Nosso” em voz alta, quase que gritando, para que Deus o socorresse. Se Deus ouviu não se sabe, mas o grito foi tão alto que todos que conversavam no terreiro correram ao seu encontro. Nesse instante, abriu os olhos e viu que estava rodeado por todos da casa, que sequer tinham ido dormir. Vendo todos ao seu redor procurou pelo homem que o segurava, quando percebeu que seu pé estava todo enrolado nos punhos da rede e quanto mais tentava tirá-lo, mais enrolado ficava.
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