Um dia frio, um bom lugar pra ver um filme
Saiu na chuva. Dobrou a esquina. Frio. Arrepio. Locadora vazia. A escuridão e a falta de transeuntes pelo asfalto batido na frente de sua casa remetia à sua falta de vida e a deixava nervosa, mas dava um ar de felicidade. Felicidade não. Tranquilidade é melhor. Nunca soubera o que era ser feliz. Escolhe filmes de terror. Seus olhos não percorrem a sessão de românticos. O que os olhos não vêem, o coração não sente.
Filmes de ação são para homens e filmes água-com-açúcar são para damas indefesas. Como queria ser uma dama indefesa... "Pára, Renata. Pense em si mesma. Controle-se para não sofrer mais." Chuva caindo, gotas geladas escorrendo por seus cabelos negros e molhados. A pele áspera e alma rígida. Sentia-se como um dos encartes dos filmes da pequena locadora. Filmes da sessão de terror. Os mesmos que ela escolhera
Decidira por fimes europeus, era mais chique. Passaria um feriado intelectual. Mas já tinha visto todos os europeus da locadora. Supremacia americana. Não teve para onde correr. E lá estava ela, em frente ao seu maior medo: a sessão de românticos. Eram todos muito lindos e felizes nos posters. "Come on, Renata, é apenas ficção". Não para ela. Tentava correr, mas percebera que o singelo rapaz da locadora olhava para ela na expectativa de que ela escolhesse logo o filme. Pegou o pirmeiro filme que viu. Droga. Romântico. Pagou. Obrigado. De nada, senhorita. Foi pra casa na chuva disposta a entregar o filme sem vê-lo!
O frio se intensificava e o sono não vinha. Deixou o chocolate quente em cima da mesa e foi até o DVD. Depois de 5 minutos colocou o filme para ver. Após 90 minutos, em meio às lágrimas, surge um sorriso. Agora sim. Um decadente sorriso de felicidade.
Pois é... Hollywood deixara resquícios de felicidade!!