A MÃO DE DEUS

Já que não tinha algo mais útil a fazer,

saí pelo portão do condomínio e fui perambular.

Era de tardezinha e os raios de sol

ainda teimavam em reluzir no horizonte

por detrás da alta copa verde das árvores.

A rua em frente ainda era de chão,

encoberta por fina areia amarelada.

Em ambas as laterais perfilavam dezenas

de pés de oitis já de meia idade.

Procurei o sombreado e desci a rua a passos lentos,

relembrando de coisas do passado que não voltam.

Mais adiante, na frente de uma tapera,

um garoto riscava o chão.

Sentado, completamente nu,

a pele já rosada pela ação do sol.

Quatro anos, não mais.

À procura de alguém para conversar,

sentei-me ao lado em uma pedra sombreada.

- Moço, você já viu Deus? É verdade que ele pode trazer tudo que a gente pede? Disse o guri.

Do fundo da tapera,

uma voz idosa chamou o pequeno.

Demorei ali mais uns poucos minutos.

Levantei-me e retornei para casa

arrasado.

REMI
Enviado por REMI em 04/11/2022
Reeditado em 22/11/2023
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