Rita e o Vô Gildo
Ela se aproximou e sentou em meu colo, na rede.
Ficou nos balançando, em silêncio, embora eu soubesse que algo logo seria dito. Fiquei fazendo cafuné em sua cabecinha linda, só esperando o resultado daquela expressão pensativa.
Silêncio.
- Eu não conheço meu Vô Gildo né?
- Não, Rita. Quando você nasceu ele já tinha morrido.
- Mas eu conheço ele de fotografia!
- É...
- Mãe, meu Vô Gildo sabia fazer churrasco?
- Claro! O vô era gaúcho. Todo gaúcho faz churrasco.
- Mãe?
- Diz...
- Se meu vô fosse vivo, ele ia fazer churrasco pra mim?
- Claro que ia.
- Meu vô ia me adorar!
Segue novo silêncio.
- Mãe?
- Que é?
- Meu vô tá no céu?
- Tá...
- Quando eu morrer e for pro céu, eu vou encontrar com ele lá?
- Claro que vai. Lá no céu, todos nós nos encontraremos!
- Mãe e será que meu vô vai fazer churrasco pra mim lá no céu?
- Claro que vai, meu amor! Lá no céu é festa todo dia! Seu avô iria fazer muitos churrascos pra você... (palavras ditas em meio a beijos e abraços e cheiros)
- Mas mãe, pra ir pro céu eu tenho de morrer. E eu não quero morrer agora. Eu quero morrer beeeeem velhinha, igual a Vó Landa!
(Foram respeitadas as formas de expressão da Rita.)