O destino da luz
Sempre fui o filho perfeito da família. Estudioso, bonito e com facilidade em ganhar dinheiro. Será que meu destino foi um erro ou um acerto do universo? Se todo o programa desenhado para mim, tivesse se cumprido, era para eu ser a continuação da riqueza da minha família, mas um desvio de um milímetro na rota da realidade me levou para o um destino mais que improvável.
Um dia, quando acordei, vi o céu mais maravilhoso que um pode se imaginar. Era um quadro de Deus com todas as cores possíveis, a ordem oculta do caos que atingia direta-mente o mais profundo do meu ser. Era Deus falando de maneira amorosa. Fiquei paralisado por quase duas horas vendo as nuvens mudando de lugar e as cores se intensificando a cada segundo. Entendi ali o tempo da natureza e como o nosso modo de viver está errado. Não porque alguém tenha definido o que é viver certo, mas o existir natural tem seu próprio tempo.
Depois daquela experiência já não pude mais me mover em outro ritmo, fiquei viciado naquela percepção da vida. Para minha família eu tinha tido um surto ou estava me drogando. Eles estavam certos, estava drogado pela própria vida e suas sutilizas. O passarinho que busca sua comida de ma-nhã em nosso jardim, as flores que veneram o sol, os ali-mentos que a natureza nos dá sem pedir reconhecimento por isso. Saindo dos portões da minha vida ilusória a minha nova visão me permitiu ver também a fome, a violência e a frustração dos homens em não poderem ser o que nas-ceram para ser. Trancados em seus trabalhos, em suas relações forçadas de abuso e exploração. Olhar para tudo que eu possuía que era fruto do que minha família por gerações tinha adquirido por anos de exploração de mão de obra barata, deixou de fazer sentido. Devia ser um crime tão poucos terem para muitos sem nada.
Resolvi pôr em prática meus conhecimentos de direito que tive na melhor faculdade com os melhores professores para fazer algo por este mundo. Consegui ter direito a quase totalidade dos bens familiares e doei tudo para instituições sérias que ajudariam milhares de pessoas. Sei que o movi-mento rumo a um mundo melhor e mais justo que minha ação resultou é mínima. Meu verdadeiro trabalho começa sentado embaixo desta ponte junto a outras pessoas que perderam seu rumo, minha missão é estar ali para elas ajudando a terem um horizonte. O dinheiro não é a solução delas, elas precisam se sentirem humanas para poderem andar sozinhas. A solução que vêm somente do dinheiro não frutifica, é necessário fazer as pessoas capazes de desacelerar para poderem ter a verdadeira visão da vida, re-conhecendo o milagre de existir para poderem então abri-rem o portal da verdadeira prosperidade.