Vidas quase secas

E mais uma vez tudo se replica nesta vida amarga e seca do sertão, onde a escassez é uma constante neste contínuo fluxo natural da natureza e como sempre a vida dessas tais pessoas é muito sofrida como no fim de tarde.

_ Oi meu velho, como é que foi no serviço?

_ Oi minha velha, foi duro, muito trabalho pra pouco dinheiro 💸.

_ Pois é meu veio, agora sinto muito dizer Siverino, que aquelas coisas de comer já muito acabou e não tem nem se sequer, uma jabá pra nós comer.

_ É mesmo meu doce de leite? Agora que lascou_se de vez, porque o patrão só vai pagar quando nós terminar todo o serviço do corte da cana mulher.

_ E agora homim, o que a gente faz? Só tem farinha pra comer com leite da cabra mimosa.

_ É minha velha, é o jeito a gente aguentar mais uma semana de fome, mas agradeça a Deus de ser só nos dois e por nossos filhos ter indo pra capitá trabucar por lá.

_ É Siverino océ é que tá certo meu veio, se não fosse assim, ia ser pior e aí o bicho da fome ia ser maior.

_ É Clementina, tudo que o nosso Senhor faz é perfeito, não adianta reclamar e entra ano e sai ano e as promessas dos políticos são sempre as mesmas conversas fiadas pra de tal modo enganar o povo.

_ E o povo de besta a votar e quem até picanha prometeu.

_ É minha veia, o povo gosta de ser muito lesado, mas nós, eles não engana não! Pois eu tô ficando velho, mas não besta!

_ Tu tá mais do que certo meu veio e vamos drumir que nós ganha mais.

_ Vamos minha veia, que amanhã é outro dia.

Pois assim é a vida do povo trabalhador e humilde, mas não é abestado não, aliás pelo menos esses não.

Déboro Melo
Enviado por Déboro Melo em 01/11/2022
Reeditado em 02/11/2022
Código do texto: T7640508
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