SOBRE VOVÓ ODETE

O pai de Anderson trafegou por um bom tempo até avistarem a entrada da fazenda

da vovó, um arco de pedra com a estátua de um pássaro em seu topo, uma ave que o

próprio Anderson nunca soube identificar qual era.

Às vezes achava que era apenas uma galinha, mas o pai, um homem que já vivera uns

bons anos no campo, uma vez lhe dissera que se tratava de algo bem mais

imponente, um gavião. Fosse o que fosse, aquela estátua vinha perdendo sua

importância a cada ano que se passava. Quando Anderson tinha por volta de seis

anos, mais ou menos, ver aquela estátua era algo quase mágico, como se estivesse

adentrando em um universo muito diferente do seu. Já aos sete, olhar para ela se

assemelhava a olhar para qualquer coisa inanimada, quase como olhar basicamente

para uma pedra. A magia havia partido, ou quase isso. Estava partindo lentamente,

sendo solta no vento, ganhando altitude assim como um balão cheio de gás.

Aos oito, Anderson nem olhava mais para ela quando cruzava pelo arco, pois estava

ocupado demais jogando qualquer coisa em seu celular. Agora, muito mais maduro

aos nove anos, enxergou por acaso a velha estátua enquanto tentava fotografar a

entrada da fazenda para mais tarde postar em seu Instagram. Seu pai não se

importava que ele possuísse aquele tipo de rede social, desde que suas notas na

escola não começassem a descer ladeira abaixo e que a regra mais importante não

fosse quebrada jamais: nunca aceite pedidos de amizade de estranhos.

Quando cruzaram por baixo do arco de pedra, Anderson quase torceu o pescoço para

olhar para a estátua e notou que algo estava diferente.

— Está sem a cabeça! — falou, e os olhos do pai o encararam confusos pelo retrovisor.

— Como é?

— A estátua, — explicou o garoto. — Está quebrada.

— Ano passado já estava. Acho que você nem liga mais para essas coisas. Se não

possui uma tela com botões, não importa para você.

Anderson sentiu o rosto esquentar e sorriu, guardando o celular logo depois. A

seguir, o carro estacionou diante da grande casa, com trepadeiras avançando pelas

paredes, cobrindo tudo, fazendo com que a casa parecesse ter sido construída com

plantas e barro.

No alto da varanda quem estava esperando era Margarete, uma senhora simpática e

branca demais, com os cabelos grisalhos presos em um coque. Ela trabalhava para a

avó de Anderson há quase quarenta anos e para o menino, Margarete sempre fora

uma idosa, isso nunca havia mudado.

Ela os recebeu com um sorriso assim que subiram os degraus. Cumprimentou

Jonathan e perguntou como ele estava, depois virou o seu rosto enrugado e pálido

para o garoto e mencionou o quanto ele havia crescido.

Anderson adorava quando reparavam em sua altura. Sentia-se um adulto, não como

seu pai, mas talvez como aquele garoto que era seu vizinho, um homem de doze anos

que já tinha a liberdade de ficar na rua até escurecer. Ele sorriu para a idosa e

perguntou como ela estava.

— Muito bem, rapazinho. E obrigada por perguntar. Só por causa dessa gentileza, irá

ganhar uma surpresa em sua sobremesa.

Provavelmente seria pudim com calda de chocolate, que era a única sobremesa que

Anderson comia sempre que visitava a sua avó durante as férias de inverno. Por ele

tudo bem, não era algo que lhe faria torcer o nariz para a idosa, que gostava dele de

verdade, muito mais do que sua avó Odete, parecia.

O pai já lhe explicara algumas vezes sobre a situação de sua avó, porém, quando se

tem nove anos você não entende essas coisas, e não por ser burro mas, porque sua

mente simplesmente não está madura para isso. Talvez quando tiver doze anos como

aquele vizinho, certas coisas se tornem mais fáceis. Segundo seu pai dizia, a avó

Odete estava com a cabeça fraca por ser idosa demais, então esse fator contribuía

para seus apagões, o que a fazia esquecer onde colocava alguma coisa, a data em que

se encontrava e, ocasionalmente, o nome de seu neto. Isso quando lembrava possuir

algum.

Para o garoto, era como se a avó os visse como aquela estátua estúpida no alto do

arco de pedra; com o tempo, a magia ia embora e a importância deles também. A

cabeça de sua avó era um balão cheio de gás, subindo e subindo.

Eles acompanharam Margarete até a ampla sala de estar e foi lá que encontraram a

avó depois de um ano inteiro. A sala estava um pouco escura, e Odete parecia estar

lendo alguma coisa, sentada de frente para a janela. Ela não notara a chegada do

filho e do neto, e quando falou foi diretamente com Margarete.

— O almoço está pronto?

Margarete sorriu e chegou devagar ao seu lado.

— Quase. Mas logo vai estar, então poderemos almoçar todos juntos. Já viu quem

está aqui?

Odete afastou os olhos da revista de fofocas e depois olhou para onde Margarete

apontava. Viu um homem bem-vestido, um pouco calvo, que sorria para ela. Ao lado

dele havia um garotinho que não parava de mexer nas próprias mãos, parecendo

nervoso. Ele estava com a ponta do nariz avermelhada por causa do frio.

— Não imaginava que teríamos visitas, — falou a avó gentilmente, mesmo sabendo

que aquela visita havia sido marcada há quase duas semanas. Então, quando

Anderson pensou que a avó perguntaria quem eles eram e o que estavam fazendo ali,

ela o surpreendeu.

— Venha cá dar um abraço em sua avó, jovenzinho!

Ele olhou para o pai e percebeu que ele também havia pensado o mesmo, pois seus

ombros pareceram ceder e seu rosto sorriu aliviado. O pai fez um gesto com a cabeça

e Anderson correu até a avó, abraçando-a em seguida. Ela tinha um cheiro que o

menino não soube identificar, mas que lembrou a ele xarope para tosse, por alguma

razão.

Logo depois quem a abraçou foi o pai, que disse estar contente em vê-la e que adorou

o seu aspecto sadio. Para Anderson a avó de maneira nenhuma parecia sadia. Seus

cabelos eram finos demais, de modo que se podia ver o seu couro cabeludo rosado.

Suas mãos eram magras, ossudas, cobertas por sardas. Certa vez, perguntara ao pai

quantos anos a avó tinha, e ele lhe dissera noventa e dois. Isso já fazia uns dois anos,

e Anderson não conseguia entender como alguém poderia viver tanto tempo.

— Você é muito gentil, — dissera a vovó. — Mas não estou sadia como pareço. Um

dia, quando tiver a minha idade, vai descobrir o que quero dizer. A propósito, onde

está aquela bela garota? Ela não veio com vocês?

A bela garota se chamava Paula, era mãe de Anderson e já estava enterrada no

cemitério de Pedra Negra há quase cinco anos. Sempre que precisava explicar aquilo

para a mãe, Jonathan sentia um gosto amargo na boca. Era difícil falar de pessoas

mortas, Jonathan odiava, achava uma tarefa complicada demais. Para ele, os mortos

deveriam permanecer em nossas memórias apenas, e não em nossas bocas.

Ele olhou para Margarete e lhe fez um sinal para levar o filho para outro lugar. A

idosa assentiu e pôs uma das mãos sobre o ombro do menino.

— Que acha de experimentar uma fatia de torta de pêssego?

— Antes do almoço? — A pergunta foi diretamente para o pai.

— Pode ir, filho. Mas não coma muito.

Ele acompanhou a idosa se afastar com o filho para então poder começar a falar

sobre a esposa morta, o câncer que a levou, o tempo que aquela merda toda já havia

acontecido e observar, pela milésima vez, o rosto de surpresa e pesar de sua mãe.

Aquele homem que dizia ser o seu filho parecia estar faminto. Ele devorou um prato

de macarrão com batatas e já estava servindo-se pela segunda vez, perguntando para

o menino se ele já estava satisfeito ou iria repetir.

O garoto (cujo nome Odete teimava em não lembrar), dissera estar com a barriga

cheia. Ele era seu único neto e também um perfeito idiota. Durante o almoço inteiro,

não desgrudou os olhos daquele aparelho celular, assim como agiam todas as

crianças daquela geração perdida.

Um pouco antes de sentarem à mesa, seu provável filho lhe contou uma história

muito comovente. Era sobre uma mulher chamada Paula, que Odete poderia jurar

que ainda estava viva, talvez separada daquele sujeito, escondida em algum quitinete

de quinta. Ele dissera que a tal Paula havia falecido, devorada por um câncer que

nasceu em seus pulmões e pouco depois viajou por seu corpo inteiro.

O homem até se emocionou enquanto falava, o que trouxe um peso de veracidade

considerável para aquela história.

De qualquer maneira, o homem chamado Jonathan não havia mesmo nascido de seu

útero. Ele dizia aquilo (jurava pelo Deus que fosse), que era filho de Odete

Magalhães, porque era naquilo que acreditava desde sua infância.

As coisas por vezes ficavam conturbadas na mente de Odete, mexiam-se sozinhas,

como se ela saísse de casa e quando retornasse encontrasse os móveis fora do lugar.

Ela lembrava de ter sido diagnosticada com Alzheimer há quase oito anos e não ter

demonstrado preocupação alguma, apenas mexido a cabeça e comentado com o

médico que às vezes era bom esquecer certas coisas.

Seu único medo era dar com a língua nos dentes falsos, mesmo sem perceber. Até

onde sabe, isso jamais aconteceu, caso contrário ela estaria agora em uma cela e não

em uma bela casa no interior de Pedra Negra.

Ela afastou o seu prato quase vazio e perguntou o que o menino havia achado do

almoço.

Olhando para a tela do celular, Anderson respondeu.

— Estava delicioso.

Parecia uma mentira inocente. Odete era boa em mentiras, conseguia sentir o cheiro

de uma assim como um cão percebia o odor de sua comida. Ela vinha mentindo por

quase quarenta e cinco anos sobre o desaparecimento de seu único marido, um

homem que transava muito mal e urinava primeiro fora do vaso para depois acertar

lá dentro. Certa noite em outubro de 1978, eles transaram e Odete foi até a janela,

ainda nua. Seu marido, que ela esquecera o nome graças a Deus, pediu para que ela

se afastasse dali antes que alguém a visse. Ela obedeceu e foi até a cozinha,

retornando minutos depois e deitando ao seu lado. Daí em diante os móveis da casa

se movem um pouco, mas Odete lembra razoavelmente do que aconteceu, ainda que

faltem inúmeros detalhes. O que sabe com toda a certeza é que o matou usando uma

faca grande, algo que fez uma tremenda sujeira que a obrigou a jogar fora um lindo

jogo de lençóis. Não tinha certeza, porém, do motivo que a levou a enfiar uma faca no

peito de seu marido. Ainda que ele fosse um merda, o pobre sujeito era um homem

bom, que não fumava e tinha emprego fixo. Odete passou os primeiros cinco anos

após o crime pensando em que teria levado ela a fazer aquilo, e tudo que conseguiu

concluir é que nem sempre alguém precisava de um motivo para matar, o que

deixava tudo neste maldito mundo ainda mais assustador. A morte de seu homem

não fora o primeiro crime de Odete, mas fora seu primeiro e único assassinato. Ela esquecera completamente de quando trabalhara como enfermeira por quase oito

anos no hospital local, na época em que uma epidemia forte de gripe estava abatendo

e levando inúmeros idosos para viver no céu. Neste período, Odete se tornou

responsável pela ala de pediatria do hospital, onde em apenas duas semanas,

tornou-se a enfermeira preferida de toda gestante que era internada por ali.

Ela levava um jeito danado com todos aqueles bebês, enquanto suas demais colegas

reclamavam de toda aquela choradeira. Em dado momento, Odete foi até aonde

ficavam as encubadoras e trocou cerca de cinco bebês de seus devidos lugares,

apenas por diversão.

Ela sorriu e ainda acompanhou a entrega de cada um deles para seus supostos pais.

Anos depois, pensou naquela noite e em como aquelas crianças deveriam estar

vivendo atualmente, recebendo amor se tivessem sorte e castigo se fossem

amaldiçoadas pela porcaria do azar. No fim de tudo, cada situação nada mais era do

que um jogo, uma forma de mexer com a balança da vida e saber que sim, ela era a

maldita responsável por este ou aquele momento.

Foi assim com o infeliz que recebeu a facada, com a troca dos bebês e obviamente

com o roubo de um deles, que estava presente na mesma noite que aquele sujeito

fora esfaqueado na própria cama. Aquele bebê nascera bastante desnutrido em uma

noite de tempestade e fora roubado facilmente de uma das encubadoras semanas

mais tarde… o que obrigou a enfermeira Susana a sumir do mapa e passar a ser

chamada de Odete.

O mesmo bebê estava agora se empanturrando com mais batatas bem na sua frente,

e sempre que Odete lhe oferece mais, ele aceita de bom grado. Tinha uma certeza

incômoda e até preocupante de que aquele homem não poderia ser o seu filho,

embora não fosse capaz de dizer o porquê. Talvez porque ainda soubesse que jamais

poderia ser mãe, já que durante a sua juventude, tentara dar à luz por quatro vezes e

falhara em todas. Aquela família de mentira não a assustava, afinal, a mentira

sempre fora sua aliada mais próxima e, pelo que conseguia perceber, todos estavam

felizes, então qual era o problema naquilo?

Ela avisou que estava na hora da sobremesa e o menino enfim pareceu se importar de

verdade, deixando o celular de lado. O homem que se dizia seu filho alisou

comicamente a barriga.

— Espero que ainda haja espaço aqui dentro, — disse ele. — Mas não posso deixar de

experimentar o sempre saboroso pudim de minha mãe.

Odete sorriu e após beijar a testa daquele homem, foi pessoalmente buscar a

sobremesa.

O final de semana não passou tão rápido quanto Anderson imaginou que passaria, e

também não foi um completo desastre para o pai, que soube aproveitar a visita de um

jeito não tão irrequieto como no ano anterior.

Anderson associava o incômodo repentino de seu pai à perda triste de sua mãe, era

algo que ele detestava lembrar e muito mais ainda falar sobre aquilo. Graças aos apagões que sua avó sofria, o pai temia precisar tocar naquele assunto naquelas

visitas de inverno, e isso era algo que ele não conseguia esconder.

Muito possivelmente, ele sentia-se incomodado em ter de revelar-se tão frágil diante

do próprio filho, e isso ficava muito evidente em seus gestos agitados e olhares

perdidos.

Era difícil mexer em dadas lembranças, e Anderson suspeitava que a dor deveria ser

muito semelhante à picada de uma abelha, igualzinha à que tinha sofrido um mês

atrás em sua volta da escola.

Já muito próximo das três da tarde, seu pai e ele pararam junto ao degrau da varanda

para se despedir de sua avó, que sorria ao lado de Margarete.

Olhando-as daquele jeito, Anderson não acharia estranho se alguém lhe dissesse que

elas eram irmãs. A avó era nitidamente um pouco mais velha e também mais baixa.

Após colocar a mala no carro, seu pai caminhou até elas e antes de falar qualquer

coisa suspirou. Anderson achou que o suspiro foi mais de alívio do que qualquer

outra coisa.

— Foi um ótimo fim de semana, mãe. Infelizmente ele passou voando.

— O tempo voa para os jovens e se arrasta para os velhos, — falou Odete. Em seguida

desviou o olhar para o garoto. — E você gostou da estadia, rapazinho?

Com um gesto quase imperceptível, Jonathan pediu para que o filho se aproximasse.

Aquele era o momento em que tinha de agradecer a sua avó, abraçá-la e dizer que iria

sentir saudades. Anderson de fato não mentia quando fazia aquilo, porém (assim

como acontecia com a estátua do gavião), sentia cada vez mais que a magia estava se

perdendo. Daqui a alguns anos ele seria um homem e a avó estaria morta,

provavelmente, então só restariam as lembranças e ele achava que poderia lidar com

aquilo sem muitos problemas.

Aproximou-se dela e lhe deu um abraço sem apertar, pois, achou honestamente que

poderia parti-la ao meio.

— Foi muito bom, vó. Vou sentir saudades.

A avó não disse nada e Anderson logo sentiu ela se afastar, como se ele fosse uma

ameaça para seu corpo frágil.

— Você também, Margarete. Me dê um abraço! — pediu o pai, e Margarete o abraçou

com muito mais entusiasmo do que a própria mãe.

Em seguida ela fez o mesmo com o menino, que se sentiu realmente confortável nos

braços daquela mulher. Em seu ouvido, ela cochichou que também sentiria saudades

e Anderson enfim pareceu receber uma despedida mais honesta.

Os dois já estavam com o carro em movimento quando o pai o espiou pelo retrovisor.

— Abane para elas, — ele pediu.

O garoto virou-se e acenou para as duas idosas que retribuíram o gesto, com

Margarete parecendo muito mais entusiasmada.

— Às vezes acho que a vovó não gosta de nossas visitas, — disse Anderson, fazendo

com que o pai o encarasse de volta pelo espelho.

— Já falamos sobre isso, filho. A saúde dela já não está em seus melhores dias. Talvez

nem precisaremos voltar no ano que vem. É triste, mas é a verdade.

— Ela disse que você não é filho dela de verdade. — Revelou o garoto, e tudo que

recebeu como resposta foi um sorriso abafado do pai, que só foi responder com

palavras quando eles já estavam na rodovia.

— Ela costuma dizer coisas assim quando sua doença assume o volante. Não é real. É

como se a doença falasse por ela, entende?

— Acho que sim.

— Que tal uma pizza para o jantar?

Um sorriso bastante largo foi a resposta positiva que Jonathan recebeu, e durante às

duas horas seguintes que precisou dirigir, aproveitou para pensar na mãe e na

mulher frágil que havia se tornado.

Ele temia que a qualquer momento seu telefone pudesse tocar e a voz de Margarete

lhe dissesse uma notícia ruim, e isso aumentava a cada dia, um sentimento que

agarrava o seu tornozelo e o puxava para baixo. Pior ainda se quem ligasse fosse a

própria mãe, informando que Margarete tinha caído da escada e quebrado o pescoço.

Não fazia ideia de como a mãe iria se comportar com tamanha fatalidade, e pensando

bem, ela nem mesmo seria capaz de telefonar para ele.

O Alzheimer vinha tomando as rédeas a um bom tempo, e o que o filho precisou

escutar não era exatamente uma novidade para Jonathan. Ele mesmo ouviu da boca

da própria mãe que não era seu filho legítimo, e precisou se convencer durante dias

que aquilo era a doença se manifestando e não um momento de lucidez de alguma

maluca que lhe ocultara a verdade a vida toda. Durante aquele período tumultuado

em sua cabeça, Jonathan pensou sobre o que mais sua mãe poderia estar mentindo e

desistiu de seguir em frente assim que passou a ter problemas para dormir. Ele meio

que arrastou para baixo do tapete aquele tipo de hipótese, e viu que seria muito

melhor deixar a vida como estava, com um belo filho e um emprego agradável como

advogado no centro da cidade. Este emprego lhe mostrara diversas vezes que boa

parte da vida era modulada por mentiras e verdades sombrias. Lhe ensinara também

que segredos envelheciam junto com seus donos, e mais do que isso, também iam

para o túmulo com eles.

Algo que (infelizmente ou não), acontecia com todo mundo, incluindo sua amada e

frágil mãe.

Cotidiano Sombrio
Enviado por Cotidiano Sombrio em 25/10/2022
Código do texto: T7635855
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