Amor à primeira vista (BVIW)

 

Ana Maria era uma moça simpática, elegante, educada e meiga. Por  todos esses atributos tinha o poder de atrair olhares, e ela sabia disso. No colégio, era muito querida. As suas primeiras paqueras, que causaram invejas nos demais garotos, foram com João Leopoldo e Marcos Antônio, aos 15 e 16 anos, respectivamente. Ela participava das festas e das competições esportivas com o mesmo empenho que estudava. Não foi surpresa, portanto, passar no primeiro vestibular para Medicina, a profissão que escolhera desde criança. Assim, quando ingressou na Universidade chamou logo a atenção dos colegas de turma, mas ela estava decidida a não se envolver em namoro, pois sua determinação era se formar, fazer residência e só depois pensaria em amor. Porém, no segundo ano da faculdade se apaixonou; primeiro, por Lúcio e; depois, por Mário. Mas, como toda paixão, logo acabou. Ela dizia que atrapalhava os estudos.

Ela só não contava com as artimanhas do coração. Um ano depois, no pátio da Faculdade, enquanto fazia um lanche, encontrou-se com Júlio, estudante de Engenharia. Foi amor à primeira vista. Um detalhe: o Júlio era daqueles rapazes, digamos, sem beleza, desengonçado. Para suas amigas, e até para os seus pais, não combinava com a beleza dela. Um belo dia, ao ser questionada por que entre tantos moços bonitos, elegantes e charmosos ela foi escolher o rapaz mais feio que havia na Universidade, ela respondeu: se eu lhes disser que é amor vocês me deixam em paz? Pois foi sim. Eu fiz minha escolha. Respeitem.

Ana Maria e Júlio se formaram no mesmo ano, casaram-se no ano seguinte e foram felizes. Eles tiveram dois filhos: a menina parecia com ela e, o menino, com ele. É fato: a essência de cada um não está na aparência.

 

Iêda Chaves Freitas

25.10.2022

 

Tema da semana: Se eu disser que é amor (Conto) 25 linhas