Sinal de Sorte
15.10.22
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Todas as tardes as aguardo. Anunciam a chegada da noite voando de um lado para o outro em bandos dispersos. Vão se alimentar dos insetos que ao final do dia emanam dos jardins ao céu. É um espetáculo, a leveza e a delicadeza do seu voar. Gosto delas, das andorinhas.
Vê-las nessa fuzarca juvenil, de uma alegria pura, infantil até, alegra-me. Identifico-me com elas. Acompanho-as com prazer em sua festa vespertina. Às vezes, pousam nos cabos de energia em bandos, lado a lado, como se mantivessem conversas com piados e grunhidos ininterruptos de como foi seu dia, seus problemas, suas alegrias, igual aos de uma família de barulhentos e efusivos latinos. Gosto delas, das andorinhas.
Acompanhando-as me vem à lembrança do que dizia o meu pai: as andorinhas são um sinal de sorte, e se fazem ninho em sua casa, mais sorte ainda.
Ziguezagueando pelos céus das minhas lembranças, talvez seja mesmo um sinal de sorte. Pois faz com que as reminiscências aflorem e mostrem que tive sorte em todos esses tantos anos passados, mesmo que não tenham elas, as andorinhas, se aninhado nos locais em que morei ou no qual hoje estou. Não importa, me fazem companhia mesmo assim, as andorinhas.
Até amanhã minhas amigas!
E boa sorte!