Alma de paleta
Deu um sorriso amarelo ao se deparar com o o roxo que lhe ia à alma, vazando em tons de lilás pelos olhos. Sim. O coração ainda era vermelho, mas tinha aqueles dias acinzentados que a deixavam longe do azul que queria. Precisava de uma decisão borgonha.
Saiu à rua andando em passos rosados, mas os pensamentos eram um tanto quanto verdes. Desejava vermelho-carmim que aquele tom de fúcsia que sentia na ponta dos dedos escorresse para o chão e se tornasse bordô, mas chorar àquela altura lhe parecia um tanto quanto marrom. Preferia seguir até que seus passos se tornassem laranja, mesmo que fosse de cansaço.
Quando parou à beira do Porto, o pôr do sol parecia já estar quase púrpura. Logo a noite desceria azul-marinha e quem sabe sua alma já estivesse um pouco mais lavanda. Olhar para as pessoas que se divertiam jambo no azul-mar deixou seu ânimo um pouco mais carmesim. Até sorriu pink por alguns segundos...
Bebeu água de coco ouvindo uma música Magenta, que a fez sentir-se índigo, ainda que seu sorriso não estivesse nem mesmo coral. Aliás, sorria cada vez mais amarelo, já quase açafrão. Suas ideias eram sépia, de tão confusas. Não sabia o que fazer.
Por fim, uma lágrima violeta escorreu tímida em seu rosto bege e então teve vontade de um carinho castanho avermelhado em seus cabelos. Talvez um beijo salmão nos lábios e um abraço terracota.
Num instante turquesa, decidiu voltar pra casa e dormir pensando em ter sonhos ciano. Quem sabe assim o dia de amanhã amanheça ardósia...