Barulho de Letras
Justamente eu, que gosto dos pretéritos mais que perfeitos, então soubera dos meus erráticos passos pelo céu, rondando as boas realizações. Então eu, que sempre tentara levar meus passos prum rumo acertado, não conseguira manter meus pés em caminhos certos. E então esse meu caminhar, mesmo reto, era desacertado e seguira sem rumos e afundando-se em poças de lágrimas, que eu mesma derramei em pretéritos imperfeitos.
Mas logo eu, que gosto dos eufemismos, não soubera manter minhas letras suavemente e lhes conferi um pesar muito grande, quase dor. Eu, que tão dada aos neologismos, vasculhara inutilmente meu léxico em busca de letras que não se aglomerassem tão insensatamente,sem deixar uma mensagem qualquer que dê conta de meu vagar sem norte ou sorte.
Supersticiosa, não cri em alguns avisos que o céu insistira em me dar, pelas nuvens, estrela, lua, sol, astros... não quisera enxergar que caminho as constelações me apontaram outrora e hoje leio um mapa desconhecido pela geografia e indecifrável para mim.
Quisera ainda largar o cigarro, mas é a brasa que arde entre meus dedos que me aponta este ou aquele lugar para eu ter um pouco de paz. Quem sabe a Rua da Poesia, ao pôr-do-sol? Mas qual! Preferi ficar deitada eternamente em berço esplêndido e longe do cheiro e do som iluminado do mar.
Então eu, cansada dos passos erráticos, dos pretéritos mais que perfeitos e dos imperfeitos, neologismos, eufemismos e dos pleonasmos jogo o lápis num vão de esquecimento, sem fazer barulho nenhum de letras neste papel que eu violentara noutros dias. Hoje ele é abrigo ded ieias confusas e longe de parecer poesia...
Apenas sei que não construirei castelos em volta de nada que não eu mesma... assim serei a dona dos meus sorrisos, das minhas próprias paredes e de letras tão amigas...
Não colocarei minha fé nas pedras, nas ruas que mudam de sentido sem aviso. Ficarei aqui num cais meu, que aponte os meus rumos.