Diariamente
Sem paredes onde pudesse pendurar nada, segue sem fotos na carteira ou porta-retratos, morando dentro dos próprios ossos, músculos. A alma confusa se adaptava a contextos que se sucediam, ora hostis, ora amenos, além dos banais e também os raros gentis. E era esse seu “diariamente”.
E no corpo, essa bagunça onde mora, descobriu veias e artérias confusas, tanto quanto a alma, quando percebeu por fim que suas asas não são concretas e que não sabia voar. Agora que rompeu com o mundo e queimou navios, não sabe o próximo passo, o próximo ponto, se haveria um porto.
Enquanto isso, diariamente dorme tarde e cansada, às vezes embriagada. Sonha com coisas desconexas e gosta do mundo onírico onde não recebe interferências e consegue realizar sorrisos.
Diariamente, deseja uma brisa que refresque a tarde, flores e que os cabelos da nuca estejam prontos para um carinho...