HERDEIROS SEM FIM
Crianças brincavam naquele sítio. Eram filhos, netos e bisnetos dos moradores originais.
Quando chegamos ali os que vimos nascer, hoje são homens e mulheres e já tem filhos, alguns já são avós, aumentando a cada ano a família do casal que contratamos para nos ajudar.
A casa deles era pequena, fizemos mais quartos para abrigar os que de início iam nascendo.
O tempo foi passando, as moças cedo arranjaram um companheiro, e logo, logo, engravidaram. A primeira coisa que fazem é engravidar e a casa do caseiro, não tinha mais lugar. Uma das filhas teve nove crianças, imagina os nove tendo filhos.
Impressionante como aumenta rápido a família deles.
Olho minha família tão pequena, dois filhos, um neto.
Essas meninas que hoje vejo brincar, daqui mais cinco anos serão mulheres, e sem aproveitar a mocidade vão logo procurar um rapazote e trazer mais crianças ao mundo.
As crianças, na verdade, parecem ter uma infância feliz, sem necessidade de brinquedos, shoppings, roupas, passeios, mas já de olho na internet, e já tem maldades que são passados pelos próprios adultos ou pelo meio em que vivem.
Uns vão embora, tentam vida noutro lugar, outros ficam e arranjam um jeito de invadir um pedaço de terra e ficar por ali mesmo. Mas sempre dão um jeito de aparecer. E quando juntam todos, aí sim, se percebe que não se preocupam com o futuro deles e comemoram sempre que chega um novo integrante da família.
A matriarca, hoje viúva, já nem sabe mais quantos são, e assim levam a vida sem preocupação.